Notícias
Notícias
WhatsApp
10 de Novembro de 2022
Tamanho da letra Diminuir Fonte Aumentar Fonte Imprimir
Sindicatos fortes, Brasil mais justo
Escrito por Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), presidente do Sindicato dos Profissionais em Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd) e delegado dos trabalhadores na última Conferência Internacional do Trabalho da OIT/ONU



Além da maior polarização da história política do Brasil, as últimas eleições trouxeram à tona uma realidade perversa já conhecida pelos trabalhadores e entidades sindicais: o assédio patronal, seja por ameaça emocional ou financeira, sobre os trabalhadores.

Formalmente, foram mais 2,5 mil denúncias de assédio eleitoral, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT). Casos estarrecedores, a exemplo do empresário que teria orientado as funcionárias colocarem o celular no sutiã para comprovar que teriam votado em Jair Bolsonaro.

É nesse contexto que completamos cinco anos da entrada em vigor da Reforma Trabalhista (Lei 13.467, de 2017), que alterou 117 itens da CLT e cuja centralidade era o enfraquecimento das entidades sindicais e a promoção da "negociação" direta entre patrão e empregado.

No Brasil, os últimos governos, na contramão de países centrais, apostaram em estimular a negociação direta entre trabalhador e patrão, tentando retirar os sindicatos da intermediação na relação capital x trabalho. Em um país em que ainda tentam impor o voto de cabresto na base da coação, não é muito difícil de imaginar o que a caneta do patrão é capaz de produzir em uma negociação direta com o trabalhador.

Não precisamos ir longe, o caso do congolês Moïse Kabamgabe, que foi brutalmente assassinado após ir cobrar diretamente dos patrões diárias de trabalho que estavam atrasadas, explícita a realidade de uma relação direta entre trabalhador e empregador.

A principal premissa para a aprovação da Reforma Trabalhista era que a flexibilização da legislação, privilegiando o negociado sob o legislado, levaria a aprovação de mais instrumentos coletivos, mesmo em um país que já alcançava uma taxa de 64% de empregados protegidos por acordos e convenções coletivas. Porém, para o sucesso das negociações é fundamental um equilíbrio de forças, que sempre foi garantido por sindicatos fortes e independentes. E é justamente aí que está a grande contradição da Reforma Trabalhista.

Em vez de fortalecer as entidades sindicais com medidas que garantissem independência, transparência e a negociação, a legislação aprovada enfraqueceu as entidades a partir de leis que tiraram o protagonismo das entidades e as asfixiaram financeiramente.

Cinco anos depois da Reforma Trabalhista, os números mostram que o enfraquecimento das entidades sindicais levou a uma queda significativa do número de negociações coletivas no Brasil. Em 2017, antes da aprovação da lei, o Brasil tinha cerca de 46.794 acordos firmados entre os representantes dos trabalhadores e os patrões, hoje, o número caiu para 34.871, segundo dados do Ministério da Economia.

Sem nenhuma transição ou alternativa, os sindicatos perderam cerca de 99% da sua arrecadação com o fim da compulsoriedade da contribuição sindical e tornaram-se totalmente dependentes da contribuição associativa (quando é possível) em um país de baixa taxa de filiação sindical.

Para se ter uma ideia, hoje apenas 11,2% dos trabalhadores brasileiros são filiados aos seus respectivos sindicatos. Na prática, significa que 88,8% dos empregados recebem os benefícios, mas não contribuem com as entidades que negociam os reajustes salariais e os direitos trabalhistas.

Nos últimos cincos anos, alguns sindicatos se desfizeram de suas reservas, de patrimônios como Colônias de Férias, reduziram o quadro de funcionários e precisaram reduzir a prestação de serviço aos seus associados, entre outros cortes para tentar manter as portas abertas. Infelizmente, outros não conseguiram resistir e sucumbiram após perder qualquer condição de funcionamento.

É urgente discutir com a sociedade, o parlamento, o judiciário e o executivo um novo modelo de financiamento das entidades sindicais para garantir melhores negociações coletivas, amparo aos trabalhadores e proteger a democracia, uma vez que sindicatos fortes são imprescindíveis para a sua garantia.


banner filie-se
Compartilhe

WhatsApp
LEIA TAMBÉM
Colonia PCDs vagas


PESQUISAR BENEFÍCIO

Área ou segmento


Tipo

Categoria

Cidade

BUSCAR


View this profile on Instagram

Sindpd (@sindpdsp) Instagram photos and videos



MAIS ACESSADAS
Clausula 53 Benefícios - Resumo Imobiliaria reduz