Sindicato patronal não aceita proposta do Ministério Público do Trabalho
São Paulo, 25 de março de 2011 – A greve dos trabalhadores de TI está confirmada para segunda-feira (28). Em reunião de conciliação realizada hoje (25), o sindicato patronal negou o parecer da procuradora regional do Ministério Público do Trabalho (MPT), Laura Martins Maia de Andrade. À pedido do MPT, o Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores da Tecnologia da Informação) havia suspendido a greve da categoria, no entanto, como não houve acordo as paralisação começam na próxima semana.
“O patronal deixou claro que não respeita o trabalhador, quer nos espremer ao máximo para aumentar a produção e o lucro. As empresas do setor tiveram lucros estratosféricos e a previsão para este ano continua positiva. Por isso, diante desta intransigência e falta de respeito, vamos à greve. Vamos mostrar realmente o que representam os trabalhadores de TI para o país. Teremos o primeiro apagão de TI do Brasil”, declara Antonio Neto, presidente do Sindpd.
Durante as reuniões de conciliação no MPT, foi a procurado propos um acordo envolvendo aumento salarial de 8,6% % (aumento real de 2,13%), VR de R$ 12 em jornada de 8 horas (com o acréscimo de R$ 6 nos casos de jornada superior a este período), obrigatoriedade de implantação de Participação em Lucros e Resultados (PLR) e inclusão dos pisos de analista e programador.
O sindicato patronal se manteve inflexível e ofereceu uma contraproposta de 7,5% de aumento, índice muito abaixo do meio termo sugerido. Além disso, quis afirmar que greve é abusiva. Entretanto, a procuradora discordou totalmente do sindicato patronal e garantiu que a greve é um direito dos trabalhadores. “A greve da categoria não é abusiva, a lei garante esse direito aos trabalhadores, é uma pena não termos encontrado um meio termo”, analisa.
Com relação ao vale refeição, o patronal ofereceu apenas R$ 8,00 e destinado somente para empresas com mais de 200 funcionários. Para a procuradora do MPT, Laura Martins Maia de Andrade, a proposta sugerida pelo patronal não é conveniente. “Empresa com este número de funcionários não é empresa pequena”, frisa. Para finalizar, o Seprosp passou por cima da última proposta ressaltando que não aceita obrigatoriedade do PLR e refuta a criação dos pisos de analista e programador.
Diante disso, o Sindpd volta a proposta inicial de reajuste de 11,9% nos salários dos profissionais do setor, maior participação nos lucros das empresas e correção no valor do auxílio-refeição para 15 reais por dia trabalhado. “Nossa responsabilidade é muito grande. Companheiros do Brasil inteiro estão atentos à luta dos profissionais de São Paulo para referenciar as negociações coletivas no país. Por isso, como já dissemos anteriormente, a nossa luta não se restringe ao fator econômico. Ela busca o respeito à categoria de tecnologia da informação, busca o fim da exploração através da contratação de PJs e cooperativas, sistemas que acabam com os direitos trabalhistas”, ressalta Antonio Neto.
Com isso, a partir da próxima segunda, a greve terá início. Apenas as empresas que prestam serviços essenciais devem manter o número necessário de empregados em atividade. “Conclamo todos a parar na segunda-feira, especialmente os amigos que cobram a greve nos comentários em nosso site e no twitter. Conto com todos. Lembrem-se que os contratos de trabalho estão suspensos, ninguém pode ser demitido. Os dias parados serão negociados no Tribunal. Não temos nada a perder, temos muito a ganhar, principalmente o respeito que a nossa profissão merece. Manteremos apenas a operação padrão nas estatais (Prodam, Prodesp e Ima). Nas demais, a ordem é parar”.
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