Smartphones chineses – Em busca de um dos maiores mercados de smartphones do mundo, as fabricantes chinesas vão desembarcar de vez no Brasil. Das cinco principais empresas, três já estão com força tarefa montada e uma outra tem previsão de chegada nos próximos meses.
Antiga subsidiária da Huawei, a Honor lançou os seus produtos no final de janeiro. Ela se junta com a Xiaomi, que já havia iniciado operações em 2015 e em 2019 se instalou em definitivo, e com a Oppo, que chegou em 2022.
Com o mesmo nome da operadora brasileira, a Vivo é a próxima da lista e deve lançar os seus produtos ainda neste ano. Ela é dona de 17% do enorme mercado chinês e estuda sua chegada no Brasil há pelo menos 4 anos. Dentre outros motivos, um dos principais empecilhos é a disputa pelo direito do nome com a Telefônica (dona da operadora Vivo).
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A Vivo chinesa se internacionalizou nos últimos anos e investiu alto no processo, com patrocínios em eventos como as Copas do Mundo de 2018 e 2022, e das Eurocopas de 2020 e 2024.
No Brasil, a empresa entrou em contato com a operadora de mesmo nome para conseguir registrar a sua marca, porém não obteve um aceno positivo. A Telefônica informou que “a empresa de telecomunicações Vivo é a marca do Grupo Telefônica no Brasil e única detentora dos direitos de uso comerciais no país”.
Dessa forma a empresa lançará seus produtos com outro nome. A principal alternativa é usar Jovi, que é uma das principais linhas de produtos da companhia. No Inpi, órgão do governo federal para registro de propriedade intelectual, foram registradas as marcas iQOO e Nex, que batizam outras linhas de produtos da Vivo chinesa.
Ideia é fabricar smartphones no Brasil
Das grandes marcas da China, apenas a Huawei ainda não está no mercado de smartphones brasileiro, vendendo apenas roteadores, smartwatches e fones de ouvido, a empresa afirma estar avaliando questões.
O planejamento das companhias chinesas é de fabricar no Brasil. A Oppo, por exemplo, anunciou parceria com a Multi em 2024. A Positivo tem um acordo desde 2021 para produzir a linha Infinix da marca Transsion, também da China e maior vendedora de smartphones da África.
Já a Honor informou que, por enquanto, só venderá produtos importados. Xiaomi também é outra que só importa e distribui, mas que já sinalizou interesse em produzir no Brasil. O consultor e especialista em tecnologia In Hsieh afirmou que “o movimento costuma ser o de chegar, testar o tamanho do mercado e depois, se for interessante, fabricar localmente”.
De acordo com a plataforma de dados Statista, o Brasil está entre os 5 maiores mercados de smartphones do planeta, além de ser um dos mais concentrados. As vendas são dominadas por apenas 4 empresas: Samsung (cerca de 38%), Motorola (23,6%), Xiaomi (19,2%) e Apple (10%), segundo informações da StatCounter.
Já no mercado global, dados da IDC (International Data Group), que faz análises do mercado de tecnologia e telecomunicações, comprovam que as líderes globais em vendas no quarto trimestre de 2024 foram Apple (23,2%), Samsung (15,6%), Xiaomi (12,9%), Transsion (8,2%) e Vivo (8,2%).
Na China as líderes de vendas têm números mais equilibrados, com as empresas Apple (17,4%), Vivo (17,2%), Huawei (16,2%), Xiaomi (16%), Honor (13,7%) e Oppo (13,7%) no topo do ranking. Daniel Lau, executivo especializado em China e conselheiro de empresas do país, afirma que há uma tendência dessas empresas a replicar esse modelo competição acirrada em outros mercados.
“Há pelo menos cinco anos, as principais fabricantes têm aumentado a presença na América Latina”, relata.
No Brasil, a Oppo e a Xiaomi são conhecidas por oferecerem modelos de entrada e com valores mais acessíveis. A exceção é o modelo Xiaomi 14T, lançado recentemente e que compete com a linha Galaxy S da Samsung.
A Vivo é conhecida por oferecer dispositivos sofisticados. A Honor, por sua vez, tem uma proposta que fica entre o intermediário e o premium. Lançou o topo de linha Magic6 Lite e o dobrável ultrafino Magic V3.
De acordo com In Hsieh, “as marcas chinesas têm preço acessíveis e produtos de tecnologia muito avançada, com alto acabamento, design e câmera potente”. Já Luciano Barbosa, head de operações da DL, responsável pela Xiaomi no Brasil, afirma que a entrada dessas marcas irá beneficiar o consumidor final.
“Chegar é uma coisa, mas entender o Brasil é completamente diferente. Este ano e 2026 serão muito importantes para validar a estratégia de cada uma dessas marcas no país”, disse.
A característica do mercado brasileiro, de ser mais concentrado, foi pontuado por Eduardo Garcia, que afirmou que quase 80% das vendas estão concentradas em dois fabricantes. Ele vê espaço para novas marcas competirem.
“Vai ficar mais parecido com o resto do mundo”, analisa. “Lá fora, na Europa, Ásia e outras regiões, cada um tem 20%, 21%”.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Freepik/Reprodução)