A maioria dos trabalhadores brasileiros com carteira assinada ganha até três salários mínimos, tem baixa escolaridade e está na faixa etária entre 30 e 39 anos. É predominantemente do sexo masculino (60%), exerce funções principalmente no setor de serviços (31,7%) e mora na região Sudeste (52,1%).
Esses são os principais traços do perfil da maioria dos trabalhadores formais brasileiros, de acordo com um estudo divulgado ontem, 04.1.2005, pelo Sesi (Serviço Social da Indústria). O documento foi elaborado com base nos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho) do ano de 2003. Trata-se da segunda edição do estudo.
Em relação à primeira edição, que é de 2001, houve um aumento de 8,7% no número de trabalhadores com registro em carteira, a escolaridade teve uma ligeira melhora, mas o rendimento médio caiu. A proporção dos que ganham acima de três salários mínimos diminuiu de 41,7% para 35,5%. Na parcela de até três mínimos, por sua vez, ocorreu aumento, de 58,1% para 64,2%.
A diretora de operações do Sesi, Mariana Raposo, explica que, embora tenha havido uma redução no número de trabalhadores que ganham remuneração maior, entre os que têm menor rendimento houve uma melhor distribuição da renda. “Os que tinham a pior renda tiveram uma melhoria, houve elevação no salário. Isso acabou redistribuindo melhor a renda”, disse ela.
A diretora acrescenta que o cálculo da renda é feito por faixas de salário mínimo, o que pode distorcer as comparações. “Como houve aumento real do mínimo nesses anos, há um decréscimo nas faixas, mas o trabalhador está ganhando mais em termos reais.”
No quesito escolaridade, o estudo do Sesi mostra que houve redução no número de analfabetos, que caiu de 1,7% para 1%. Também foi verificada queda na proporção de trabalhadores com ensino fundamental incompleto. O recuo foi de 29,7% para 26%.. A maior parte dos empregados formais (43,4%), porém, ainda não chega ao ensino médio.
“Na Argentina e no Uruguai, a escolaridade média é de nove anos. No Brasil, conseguimos elevar para um pouco mais de cinco anos. Temos que redirecionar nosso investimento financeiro para área de educação”, declarou o superintendente nacional do Sesi, Rui Lima do Nascimento.
Ele relatou que um dos motivos para a realização do “Perfil do trabalhador formal brasileiro” é justamente orientar políticas da instituição. Raposo disse que o estudo não se deteve aos números da indústria, pois a dinâmica da produção industrial envolve o conjunto das atividades econômicas. Na avaliação dela, o aumento no contingente de trabalhadores formais ocorreu por causa do crescimento da população incorporada ao mercado de trabalho.
Contingente
O estudo mostra ainda que, dos 29,543 milhões de trabalhadores com carteira assinada, 40% são mulheres. Entre elas, está o melhor nível de instrução.
No universo de analfabetos, as mulheres não chegam a 20% e, entre as pessoas com curso superior completo, são maioria (55,9%). Ainda assim, seus salários são inferiores aos dos homens. Dos trabalhadores com renda superior a dez salários mínimos, apenas 32% são do sexo feminino.
O perfil do trabalhador formal revela que o setor de serviços concentra 31,7% da mão-de-obra com carteira assinada, enquanto a indústria aparece com 18,1%. O comércio detém 17,3%. Outras atividades como administração pública, agropecuária, extrativa vegetal, caça e pesca ficam com uma fatia de 27,8%.
Fonte: Folha de S.Paulo – JULIANNA SOFIA – DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
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