Contrariando os interesses nacionais, o Copom anunciou, dia 22 de abril, o corte de apenas um ponto percentual na taxa Selic, baixando para o índice de 10,25% ao ano. Apesar de ser a menor taxa desde 1999, esse número ainda é insuficiente pra promover, de maneira substancial, o crescimento interno, principalmente nesta época de crise financeira e recessão nas principais economias mundiais. Os Estados Unidos anunciaram na mesma semana um PIB negativo de 6%.
Um dos motivos que especialistas apontam para a inexpressiva queda dos juros é a especulação do Banco Central sobre uma possível retomada da inflação com a facilidade de crédito. “Não é a primeira vez que o Banco Central utiliza a inflação como alegação para manter as taxas de juros escorchantes que estão mutilando a nossa economia. Para Meirelles, qualquer coisa é motivo para não baixar os juros; inflação, possibilidade de chuva, rendimento da poupança, um pequeno crescimento, geração de empregos e, acima de tudo, o fato do governo Lula estar com boa avaliação”, comentou o presidente do Sindpd, Antonio Neto.
Neto, ainda analisa que o boicote à economia do Banco Central pode efetivamente agravar a crise no Brasil. “Como todas as evidências mostram o contrário, ou seja, que a prioridade do Banco Central é manter a drenagem dos recursos do país aos especuladores, eu não tenho medo de errar em afirmar que se trata de mais uma decisão calculada e tomada para limitar as nossas condições de exorcizar a crie internacional”, avalia.
Os trabalhadores e empresários não consideram o corte de um ponto na taxa de juros como um avanço significativo, é necessário abaixar o índice até o patamar de 7% ao ano. Segundo o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, que divulgou nota, logo após o anúncio do Copom, a redução de apenas um ponto percentual ficou aquém das expectativas do empresariado. Ele ressaltou também que os níveis de produção, emprego e as concessões de crédito ainda se mostram acentuadamente abaixo dos níveis registrados no período pré-crise.
Apesar de os meses de fevereiro e março terem dado uma virada na criação de empregos e no aumento do consumo, ainda é necessário todo incentivo do governo para que este ciclo continue. “O momento econômico é favorável a um corte mais significativo, e uma redução mais ousada criaria expectativas favoráveis aos investimentos, à produção e à manutenção dos empregos. Nossos juros continuam sendo um dos mais elevados do mundo e, portanto, proibitivos para um país tão carente de recursos básicos, serviços de qualidade e empregos”, afirmou em nota o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.
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