Na última quinta-feira, membros dos Conselhos de Representantes dos Empregados (CRE) de empresas do Estado de São Paulo se reuniram na sede do Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo) para debater meios de defender as empresas públicas do Estado, assim como a representação de seus funcionários, que vem sendo perseguida em diversas instituições.
No encontro, foi criado o Fórum dos Conselhos de Representantes dos Empregados e reuniu representantes das seguintes empresas: Prodesp (Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo); IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas); Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A); CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), e Fundação Florestal.
A iniciativa foi intensificada após uma série das ações da direção da Prodesp, que, além de não respeitar o acordo coletivo concedendo um reajuste menor do que o conquistado pelos trabalhadores, passou a perseguir o CRE. A empresa chegou, inclusive a demitir o ex-presidente do Conselho, Cláudio Felipe.
No entanto conforme os representantes das empresas, a mobilização vai além da defesa do direito de representação, mas visa também defender as empresas do sucateamento e da privatização. “Nós entendemos a importância de uma empresa pública. Fizeram de tudo para sucatear as empresas para privatizar, e estamos aqui para defender os trabalhadores e também a nossa empresa, que é de toda a sociedade”, afirmou João Antonio, vice-presidente do Sindpd, ao receber os membros do conselhos.
O atual presidente do CRE da Prodesp, Kleber Adelipio Barros Santos, que coordenou os trabalhos, relembrou as dificuldades do CRE na empresa e afirmou: “Vamos à Assembléia Legislativa do Estado, e também desenvolver esforços para agregar os trabalhadores de outras empresas como Metrô, Sabesp, Imesp, CESP, entre outras”. Cláudio Felipe Bernardo, ex-presidente do CRE da Prodesp, que foi demitido após a eleição do novo conselho, também denunciou a atitude da direção da empresa. “Fui demitido por intolerância e arbitrariedade”, disse.
Terceirizações
Régis Norberto Carvalho, membro da ASSIPT (Associação dos Funcionários do Instituto de Pesquisas Tecnológicas), e também secretário do Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia de São Paulo, afirmou que “a política do governo do Estado de São Paulo tem sido a de diminuir, marginalizar mais do que os funcionários, mas os representantes dos funcionários. O IPT, que já teve mais de 2 mil funcionários, tem hoje 770 empregados, e a grande maioria é terceirizada. E eles estão terceirizando até as atividades-fim do IPT, que é tudo que envolve a área de engenharia elétrica, naval, civil, geologia e serviços tecnológicos”.
Para Sérgio Alex de Almeida, da CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), “precisamos denunciar amplamente a questão da demissão do Cláudio da Prodesp. Eles acham que são donos das empresas. Mentira. Querem aniquilar, privatizar. Está errado. É público. E nós temos um papel muito importante nisso”, defendeu.
A Prodesp e CETESB eram duas da lista de estatais que o ex-governador José Serra (PSDB), em 2007, tentou privatizar. Na época o governo encomendou “estudos técnicos” para avaliar a venda de 18 empresas no Estado. Além das duas citadas, também estavam incluídas a Cesp, Sabesp, Metrô, CDHU, CPTM, Emae, EMTU, a Imesp e a Dersa.
Gilberto Garcia, membro do CRE da Dersa denunciou que a tentativa de opressão contra o conselho também ocorre empresa. “O governo quer, realmente, acabar com essa representação para fazer o que ele quiser com as empresas”, afirmou. Hélio dos Santos, do Conselho da Fundação Florestal também falou da importância da criação do Fórum, pois “estamos com dificuldades, e vemos que isso ocorre em todo o estado”.
Júlia Cruz
Do jornal Hora do Povo
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