Conselheiro do CDES, Antonio Neto, critica postura de países ricos
Antuérpia (Bélgica), 10 de setembro de 2010 – A participação da sociedade civil como fator de igualdade e coesão social e a segurança alimentar e nutricional foram os temas centrais que dominaram os debates entre o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e o Comitê Econômico e Social Europeu (CESE), durante a terceira reunião da Mesa Redonda Brasil – União Europeia da Sociedade Civil, realizada entre os dias 8 e 10/9, na Bélgica. Por se tratar de um problema universal e grave, o combate à fome recebeu atenção especial da delegação brasileira, uma vez que o governo do Brasil é referência mundial na criação de políticas inclusivas. O tema também está diretamente ligado a produção agrícola, assunto que tem provocado constantes embates por parte da diplomacia brasileira por conta dos efeitos negativos que o protecionismo causa aos países pobres.
“Temos plena convicção de que a única maneira de sanarmos a fome no mundo – flagelo este que atinge mais de 1 bilhão de pessoas, segundo a Food and Agriculture Organization (FAO) – é através da solidariedade e do fortalecimento do Estado para, inicialmente, garantir alimento aos necessitados e, em segundo lugar, construir políticas desenvolvimentistas capazes de garantir emprego e renda para os trabalhadores, incluindo as pessoas que foram marginalizadas pelo sistema”, disse Neto.
Os representantes brasileiros destacaram a importância dos programas sociais criados no Brasil. Um deles, por exemplo, o Programa Bolsa Família, atende atualmente 12 milhões de famílias pobres e extremamente pobres, o que corresponde a cerca de 48 milhões de pessoas. No campo internacional, foi ressaltada a iniciativa da relação solidária, estabelecida pelo governo Lula, que perdoou dívidas de países mais pobres e desenvolveu parcerias na produção agrícola através da Embrapa.
“Estes princípios se opõem diretamente a política internacional praticada pelos países centrais. A solidariedade é uma das mais sinceras e revolucionárias mensagens passadas pelo povo brasileiro. Ao declarar guerra contra a fome e criar medidas concretas para combatê-la, o Brasil iniciou um processo que vem mudando os paradigmas internacionais sobre o assunto”, afirmou Neto.
Outro fator discutido no fórum internacional é a política belicista, praticada por países de grande força política e econômica, que leva morte e fome para milhões de pessoas. “Enquanto o Brasil perdoa as dívidas, firma parcerias e leva esperança para os povos mais sofridos, os EUA gastam US$ 1 trilhão (quase R$ 1,8 tri), no que eles chamam de guerra ao terror. Esta é a contradição a ser combatida”, ressaltou Neto.
O embaixador brasileiro junto à União Europeia, Ricardo Neiva Tavares, que, após saudar os esforços dos mais diversos órgãos no fortalecimento dos laços de cooperação entre Brasil e União Europeia, afirmou que o sucesso de iniciativas de combate à fome no mundo somente será assegurado se os países mais ricos efetivamente deixarem de adotar práticas protecionistas, sob quaisquer argumentos, e medidas que dificultem a produção e a exportação de bens agrícolas por parte dos países mais pobres.
A Mesa Redonda Brasil – União Europeia é composta por membros nomeados de cada uma das partes (CDES e CESE). A delegação brasileira foi composta por Antonio Neto, presidente da Central Geral dos Trabalhadores (CGTB) e do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação (Sindpd); Clemente Ganz, Diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (DIEESE); Alberto Broch, Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG); Jacy Afonso de Melo, Secretaria de Organização e Política Sindical Central Única dos Trabalhadores (CUT); José Vicente, Reitor da Universidade Zumbi dos Palmares; Sérgio Haddad, Coordenador Geral da ONG Ação Educativa; Naomar Monteiro de Almeida, Reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA); Esther Bermeguy de Albuquerque, Secretária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES); Ângela Cotta Ferreira Gomes, Secretária Adjunta do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES) e Adroaldo Quintela Santos, Diretor da Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (SEDES).
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