Cerca de mil profissionais compareceram ao Sindpd para tomar a decisão
São Paulo, 12 de março de 2011 – Em assembleia realizada hoje (12) pelo Sindpd (Sindicato dos Trabalhadores de Tecnologia da Informação do estado de São Paulo), os profissionais da categoria decidem que estão em estado de greve. “Essa é mais uma demonstração de que a categoria está organizada, unida e pronta para a paralisação. O sindicato patronal precisa entender que os trabalhadores sabem exatamente o que querem. Nós estamos prontos para paralisar empresa por empresa. Vamos enfrentá-los em suas casas”, afirma Antonio Neto, presidente do Sindpd.
A negociação salarial dos trabalhadores de TI foi interrompida em janeiro depois de quatro rodadas de debates entre o sindicato patronal e o Sindpd. As principais reivindicações dos trabalhadores são 11,9% de aumento salarial linear, desenvolvimento de plano de Participação em Lucros e Resultados (PLR), auxílio-refeição de 15 reais por dia e ampliação de pisos. O sindicato patronal oferece reajuste salarial de 6,47%, índice que apenas repõe a inflação, e refuta todas as outras solicitações.
De acordo com a lei de greve, o sindicato deve publicar anúncio em jornal de grande circulação para informar as empresas envolvidas com os serviços de TI. Após 72h da publicação, os trabalhadores podem dar início às paralisações, que podem ser pontuais ou generalizadas. Ainda segundo a lei “é vedada a rescisão de contrato de trabalho durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos”. “Os empresários que estão dificultando a negociação precisam tomar cuidado porque as suas companhias serão as primeiras a serem atingidas. Esse é um compromisso do Sindpd”, reitera Neto.
Durante a assembleia estiveram presentes trabalhadores de todas as regionais do Sindpd. Dentre elas, caravanas de Santos, Ribeirão, Sorocaba, Campinas e Araraquara. Contudo, o maior número de trabalhadores presentes foi da capital e região metropolitana, mesmo diante da tentativa de desmobilização patrocinada por algumas empresas. Uma delas, por exemplo, a Totvs, ofereceu um churrasco na hora da reunião. “A Totvs marcou um churrasco hoje no novo prédio, talvez assim evite a presença dos funcionários. Uma vergonha o nosso RH”, denunciou um trabalhador.
Outro profissional da HP/EDS comentou o fato da empresa ter reajustado os salários pela inflação pouco antes da assembleia. “Adiantar 6,47% sem que as negociações tenham sido concretizadas demonstra o medo de que essa greve seja realizada, tentando agradar o funcionário, se passando por uma excepcional empresa que esta do lado do trabalhador. Hoje eu quero greve, não pelo dinheiro, mas pelo respeito e valorização dessa classe que garante lucros exorbitantes para as empresas sobre um serviço essencial em um mundo que necessita de ter a melhor TI a cada segundo”, disse.
O sindicato também colocou em votação o ingresso de dissídio coletivo na Justiça do Trabalho que foi aprovado por unanimidade pelos trabalhadores. A lei garante a aceleração do processo do julgamento do dissídio das categorias que estão em estado de greve e proíbe a demissão de funcionários durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores substitutos. “As empresas tem condições de ofertar e pagar mais. Não estamos vendo outra alternativa senão irmos à justiça. Para aceitar apenas a reposição da inflação é melhor lutar nos tribunais. Nós não nos dobraremos a essa injustiça”, completa Neto.
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