Nos pedidos enviados ao Tribunal Superior do Trabalho e ao Sindpd, os trabalhadores afirmam que estão sendo erroneamente representados e ressaltam que “em nenhum momento a empresa foi apresentada como comerciária e sim como uma companhia de TI”. Em seu portal, a IBM também se define como “Uma das maiores empresas de tecnologia da informação do mundo e líder em soluções completas de TI”.
Autor da ação, o analista de suporte remoto e ex-funcionário da IBM Ícaro Martinez, 25, conta que a ideia de solicitar a mudança de sindicato surgiu da percepção do desconhecimento da entidade comerciária em lidar com as prioridades da categoria de TI. Logo após a iniciativa, Martinez foi demitido da multinacional.
“O sindicato dos comerciários não entende nosso trabalho. O dia a dia, as atividades, o estresse que os profissionais de TI passam são diferentes. Nós trabalhamos com informação muito rápida, instantânea, com manejo de dados de mais de cinco mil, sete mil funcionários de empresas clientes. Eles não estão preparados para lidar com esse perfil de trabalho. A profissão deles é uma das mais antigas do mundo, a nossa é recente e muito ágil “, afirma.
Além disso, Martinez destaca diferenças de benefícios em relação aos profissionais do setor paulista. “Em todos os momentos a IBM se apresenta aos funcionários como uma empresa de tecnologia da informação. Mas quando falamos de direitos, os IBMistas não têm os mesmos que os profissionais do setor em São Paulo, como a jornada de 40 horas semanais”.
A situação, segundo o presidente do Sindpd, Antonio Neto, prejudica os trabalhadores e só é vantajosa para a empresa, que deixa de garantir direitos conquistados como a jornada reduzida e pagamento de adicional de 100% de hora-extra.
“A IBM nega aos seus funcionários o acesso a direitos legítimos, a benefícios assegurados pela convenção coletiva da categoria de TI, uma das quatro melhores segundo avaliação do Dieese. Isso prejudica também a organização do trabalho, porque não respeita a abrangência do sindicato correspondente à área territorial onde a empresa está localizada. A atitude de uma das maiores empresas de TI do mundo enfraquece a categoria e desmotiva seus próprios profissionais, que não são reconhecidos pelo setor de TI”, defende Neto.
A maioria dos trabalhadores que solicita a mudança pertence ao Data Center de Hortolândia, a maior unidade da companhia no Brasil e que possui cerca de sete mil trabalhadores. O último acordo da empresa com o sindicato dos comerciários do município foi firmado no ano passado em uma negociação complicada e não garantiu reajuste salarial maior que a inflação. Os índices foram variáveis, por grau de avaliação do profissional, e não passaram de 4,86%.
Além disso, parte dos benefícios também é mais baixa. Os IBMistas trabalham em jornada de 44 horas, recebem adicional de 60% do valor da hora normal quando fazem hora extra e tem o divisor para esse valor em 220. A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) também depende de avaliação.
Na comparação entre o acordo coletivo da IBM Hortolândia de 2013 e a convenção coletiva do Sindpd de 2013, temos:
Hora extra
Jornada de trabalho
Divisor de hora extra
Vale refeição
Pisos salariais
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