No segundo semestre de 2013, cerca de trinta diretores do Sindpd e de sindicatos filiados à Federação Interestadual dos Trabalhadores de Tecnologia da Informação (Feittinf) participaram do curso de Estrutura e Processo de Negociação Coletiva, ministrado pelo Dieese em parceria com a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB). O encontro teve como objetivo, aprimorar as aptidões dos dirigentes sindicais para melhor representar os trabalhadores em processos de negociações com a classe patronal.
Promovido pela CSB e ministrado pelo supervisor de educação sindical do Dieese, Carlindo Rodrigues de Oliveira, o programa contou com estudos de caso, histórico de negociações coletivas no Brasil, estratégias e táticas, além de outros pontos abordados. Nos três dias, os participantes foram submetidos a diversas palestras, workshops e treinamentos com exemplos de mesa de negociação, cases de sucesso e outras habilidades que eles poderão presenciar enquanto representantes sindicais.
"O curso é de extrema importância não só para a qualificação desses dirigentes, mas, também, para a atualização daqueles que já estão há anos buscando melhorias na representação de sua classe profissional", salientou Carlindo, ao expor três situações hipotéticas e solicitado para que os diretores sugerissem possíveis desdobramentos para as problemáticas. "É complicado discutir em assembleia quando o trabalhador não está mobilizado. Quando os funcionários estão em sintonia conosco [sindicato], é muito mais fácil atingir os ideais da categoria", explicou o diretor Emerson Ronaldo Morresi.
Ainda durante uma dinâmica de grupo, foram apresentados alguns quadros explicativos com elementos do processo de negociação coletiva, como Participação nos Lucros e/ou Resultados (PLR), jornada de trabalho – que no caso da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do Sindpd, é de 40 horas semanais – entre outros direitos. Tudo isso, para definir as melhores formas e estratégias de reivindicação. Segundo Carlindo, a interação entre os Sindpd espalhados pelo Brasil, é tão fundamental quanto ter uma boa CCT.
"Em algumas empresas, o nosso trabalho é de formiguinha, do momento em que começamos um diálogo até conseguirmos um resultado efetivo, pode levar meses", disse Loide Belchior, diretora da regional do Sindpd de Campinas, referindo-se à necessidade de uma categoria uníssona, e completou: "o curso foi de extrema valia para todos nós. Tenho certeza que a partir de hoje, teremos mais tranquilidade em conduzir as negociações, graças à didática e a expertise do professor Carlindo e à iniciativa do Sindpd, que sempre se mostrou empenhado com o engajamento de seus representantes".
Além dos diretores do Sindpd do estado de São Paulo, participaram representantes do Sindpd de Joinville, dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas, Cursos e Treinamentos de Informática e Provedores de Internet do Estado do Rio de Janeiro (Sindierj) e Sindicato dos Profissionais de Farmácia (Sindprof).
Veja abaixo a entrevista com o professor e supervisor de educação sindical do Dieese, Carlindo Rodrigues de Oliveira:
Sindpd – Qual a importância do seminário para o Sindpd?
Carlindo – A formação sindical é uma das atividades mais importantes dos sindicatos. Especialmente quando há uma renovação grande dos dirigentes, e/ou quando os mesmos não contam com espaços para reflexão sobre sua prática sindical. A formação potencializa a ação.
Sindpd – Como é pensada a capacitação desses profissionais, uma vez que o Dieese possui papel fundamental nesse treinamento?
Carlindo – O Dieese desenvolve atividades de formação sindical desde muito tempo. Aos poucos, foi formatando atividades específicas, muitas delas ligadas à negociação coletiva. A atividade que estamos encerrando para o Sindipd-SP é uma das mais solicitadas pelo movimento sindical: trata-se do curso "Estrutura e processo da negociação coletiva", onde são tratados conceitos, histórico, etapas do processo de negociação, além de simulações de negociação, para reflexão dos dirigentes.
Sindpd – Agora, o Sindpd possui uma subseção do Dieese. De que maneira essa parceria pode beneficiar a categoria de TI?
Carlindo – A Subseção é uma unidade de trabalho do Dieese no interior de entidades sócias que têm uma demanda maior de assessoria. No caso do Sindpd-SP, começamos essa experiência muito recentemente, há dois ou três meses. A Subseção acompanha o desempenho do setor, das empresas, estrutura bancos de dados de informações macroeconômicas (crescimento econômico, inflação, desemprego, nível de ocupação etc), assessora a negociação coletiva e pode também atuar nas atividades de formação sindical. É uma "ferramenta" muito útil para o sindicato.
Sindpd – Durante o curso, foram propostas algumas dinâmicas que resultaram em discussões bastante enriquecedoras. Quais os objetivos desses questionamentos?
Carlindo – O objetivo da reflexão sobre a ação sindical, num espaço de troca de experiência, estudo e debate, num espaço onde não há que se ter preocupação de errar. Na vida real é que não podemos cometer erros. E é para isso que o curso serve.
Sindpd – Quais principais dificuldades os negociadores podem enfrentar e como se prevenir?
Carlindo – Há aspectos comportamentais e de organização da comissão negociadora que precisam ser muito bem conduzidos. Mas, antes de tudo, é fundamental que o sindicato reflita, na mesa, uma força que é construída nos locais de trabalho, resultado de um processo de mobilização dos trabalhadores. Uma boa atuação na mesa é fundamental, mas o que desequilibra mesmo é o poder de barganha que a categoria mobilizada acumula.
NULL