Para Leandro Allan, vice-presidente da CSB e presidente do Sindicato dos Agentes de Atividades Penitenciárias do Distrito Federal (Sindpen-DF), o governo está tentando aprovar um projeto contra a vontade do povo e que prejudica a sociedade. "Por isso, nós temos que lutar e mobilizar os trabalhadores. Enquanto esse projeto não for arquivado, não vamos deixar de lutar", afirmou.
Cosme Nogueira, secretário de Formação Sindical da CSB e presidente da Federação dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais de Minas Gerais (FESERP-MG), relatou o enfrentamento e as dificuldades que os dirigentes sindicais tiveram na defesa dos trabalhadores. "A nossa mobilização contra o PLP foi árdua. Fomos recebidos com violência pelos seguranças da Câmara, mas mesmo assim não desistimos de lutar. O governo quer cortar gastos? Que comece a cortar os gastos extras do próprio governo, não cortar da carne do servidor público. Nós trabalhadores não vamos pagar o preço da má gestão e da corrupção", criticou.
Confira o vídeo de convocação para mobilização contra o PLP 257:
Restrição a gasto com pessoal é secundária, diz Meirelles *
Falta de consenso entre governo e aliados adia votação de proposta na Câmara
O ministro Henrique Meirelles (Fazenda) afirmou que o projeto de renegociação da dívida dos Estados, que deve ser votado na próxima semana na Câmara, tem como principal contrapartida o teto para o crescimento das despesas totais desses governos, que será corrigido pela inflação do ano anterior.
Para ele, são secundários os artigos que obrigavam todos os Poderes e órgãos estaduais a se enquadrarem em novas regras sobre limites de gastos com pessoal.
"Se [essa discussão] ficar para um outro momento, não vai alterar a essência do ajuste fiscal. O ajuste fiscal é o teto."
As novas regras para despesas com pessoal, que incluíam na conta gastos com terceirizados, aposentados e auxílio moradia, por exemplo, provocaram atritos entre governo e parlamentares e inviabilizaram a votação do projeto nesta terça-feira (2).
A nova posição da Fazenda vai na mesma direção das demandas de parlamentares da base aliada e pode facilitar a aprovação do texto.
Meirelles disse que o projeto continuará prevendo punições para os governadores, como a proibição de contratações e reajustes. Mas que essas restrições serão aplicadas àqueles que desrespeitarem o teto de gastos.
No texto inicial, a punição valia também para quem gastasse com pessoal mais do que os 60% fixados na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), considerando a inclusão de novos itens, como terceirizados.
Meirelles disse que o governo não voltou atrás ao abrir mão da questão da mudança na definição de despesa com pessoal na LRF. E que a regra de teto para gastos vale para todas as despesas, incluindo as com o funcionalismo.
Afirmou ainda que caberá aos governadores negociar com Legislativo e Judiciário, por exemplo, para que o gasto total do Estado não supere o teto. Ou seja, diferentemente do que chegou a ser proposto por algumas áreas do governo, não haverá tetos diferenciados por Poderes.
Dificuldades
A falta de acordo para votação do projeto que permite a renegociação das dívidas acendeu o sinal de alerta na equipe econômica do presidente interino, Michel Temer.
O governo teme a leitura que analistas do mercado financeiro começam a fazer das dificuldades para aprovar medidas de controle dos gastos públicos.
Na avaliação de assessores presidenciais, até aqui o mercado deu voto de confiança ao governo interino, mas o clima poderá mudar se a agenda econômica não avançar, travando a tímida recuperação que parece em curso.
Durante sessão para discussões da proposta na Câmara, foram apresentadas várias versões do projeto abrindo brechas para algumas categorias não respeitarem as regras de redução de gastos.
Relator do projeto, o deputado Esperidião Amin (PPSC) afirmou que vai elaborar um novo texto até segunda (9), levando em conta sugestões de parlamentares e governo.
(Texto com a declaração de Henrique Meirelles foi publicado em 03.08.2016 pela Folha de São Paulo)
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