Quando os atletas de 208 países entrarem no estádio do Maracanã nesta sexta-feira (05/08) para a cerimônia de abertura da Olimpíada do Rio de Janeiro, dando início oficialmente às competições, uma outra corrida já terá começado nos bastidores do megaevento. Enquanto os atletas se preparam para as disputas esportivas, um verdadeiro batalhão de profissionais de TI estará a postos para garantir o funcionamento de uma rede de sistemas que sustenta a realização dos Jogos.
São trabalhadores que estarão na própria cidade-sede da competição, mas também espalhados por várias localidades, dentro e fora do País, incluindo profissionais que fazem parte do quadro de associados do Sindpd, em São Paulo – funcionários da Atos, empresa de TI responsável pela infraestrutura de tecnologia da Olimpíada do Rio.
Para o público em geral interessado apenas em acompanhar o desempenho dos atletas nas quadras, campos, piscinas ou pistas de atletismo, toda a estrutura tecnológica existente nos bastidores pode passar sem nem ser notada. Os softwares e sistemas desenvolvidos pelos profissionais de TI, no entanto, estão presentes praticamente em todos os momentos dos Jogos.
É essa estrutura que garante que os resultados de uma prova de corrida, por exemplo, sejam transmitidos para toda a mídia global em um prazo menor que meio segundo. Multiplique isso em um evento que terá mais de 300 provas em 42 modalidades esportivas, com uma estimativa de 4,8 bilhões de telespectadores em todo o mundo, e é possível ter noção da dificuldade existente por trás de todo o trabalho de TI.
“Não há margem para erros. Não tenho condições de pedir para que Usain Bolt corra novamente os 100 metros”, diz Luis Casuscelli, diretor de BDS (Big Data e Security) da Atos América do Sul, em referência ao velocista jamaicano vencedor de seis medalhas de ouro nas Olimpíadas de Londres-2012 e Pequim-2008. “Não existe forma de não cronometrar, de não coletar esses dados. A gente simplesmente tem que se assegurar de que tudo funcione”, afirma Casuscelli.
Desenho complexo
O associado do Sindpd Diego Roberto Gomes dos Santos, head de sales operation e BID control da Atos, é um dos profissionais à frente do projeto de TI para a Olimpíada do Rio. Durante dois anos, ele trabalhou no desenvolvimento da proposta que seria apresentada ao Comitê Organizador do evento. “Foi um desafio complexo no desenho de todo o projeto que iria atender as venues [locais de competição]”, explica.
“É uma emoção bem grande, agora, ver as coisas tomando forma. É legal saber, como brasileiro, que dentro de um evento tão grande tem um pedacinho de uma coisa que eu pensei e que agora está sendo executada. É muito gratificante”, afirma o profissional.
Diego é associado do Sindp há cerca de cinco anos e diz estar satisfeito com serviços oferecidos, sobretudo com os descontos proporcionados pelos convênios com instituições de ensino. “O Sindicato tem vários benefícios, nem sempre sobra tempo para aproveitar tudo, como as colônias [de férias], mas eu venho utilizando os cursos”, ressalta.
Do vôlei aos voluntários
Uma das dificuldades em garantir a infraestrutura de tecnologia de um evento do porte de uma Olimpíada envolve não apenas o elevado número de locais de competição, mas também a diversidade de sistemas necessários.
Ao todo, 37 pontos onde ocorrerão disputas esportivas precisaram receber estruturas de TI, cada uma delas com programas exclusivos que atendem a cada especificidade de uma modalidade esportiva. Um software usado para computar pontos, faltas e demais variáveis de uma partida de vôlei, por exemplo, não é o mesmo utilizado para marcar as estatísticas de uma prova de hipismo.
Antes de os Jogos começarem, a rede de sistemas de tecnologia da informação também foi utilizada para a emissão de mais de 300 mil credenciais para atletas, funcionários e parceiros, além do gerenciamento necessário para recrutar 70 mil voluntários.
E mais: sabe quando um comentarista esportivo na TV cita detalhes sobre a vida de um atleta, como as medalhas já conquistadas ou os recordes registrados em Olimpíadas anteriores? Não se trata apenas de boa memória do comentarista, mas de um software específico produzido para os Jogos e fornecido para as emissoras que detêm os direitos de transmissão, contendo dados completos dos mais de 14 mil atletas, em tempo real.
Mais do que máquinas
Para produzir todos esses sistemas, conduzir testes e colocá-los em funcionamento, um exército de profissionais de TI foi montado no País. Hoje, a Atos tem um grupo de 800 trabalhadores atuando diretamente com o projeto da Rio-2016.
O associado do Sindpd Alexandre Benatti Lourenço, gerente de workforce da companhia, foi um dos responsáveis por trabalhar na definição da estratégia da empresa em relação ao contingente de trabalhadores que seriam designados para o megaprojeto.
“A quantidade de pessoas que a gente teria de alocar nesse projeto era muito grande, então foi um desafio definir quando contratar, como contratar, encontrar as pessoas corretas”, explica. “Ao mesmo tempo, fazer parte de um projeto tão grande como esse trouxe um orgulho muito grande”, salienta.
Alexandre é sócio do Sindpd há cerca de dois anos e se diz satisfeito com a representatividade do Sindicato. “Procuro sempre ler todo o material de comunicação que é enviado pelo Sindicato, acho que ele tem um papel muito importante”, destaca.
De olho no futuro
Assim como projetos desenvolvidos em Olimpíadas anteriores ajudaram a consolidar a estrutura de TI dos Jogos do Rio, algumas novidades implementadas neste ano também deverão ser replicadas e até mesmo aprimoradas nos próximos eventos.
Uma delas é a utilização da computação em nuvem para a armazenagem e o gerenciamento de dados. A Olimpíada do Rio é a primeira da história a ter essa tecnologia de cloud em sua infraestrutura de TI.
“É uma evolução constante a cada edição. A gente coloca tecnologias, vai introduzindo inovações, mas de uma forma extremamente testada e controlada”, afirma Luis Casuscelli. “Fizemos muitos testes, estressamos os sistemas e simulamos todos os tipos de problemas para garantir que tudo funcione bem. A ideia é justamente que ninguém saiba de tudo isso que está ocorrendo [nos bastidores]. Se os Jogos terminarem sem que sejamos mencionados, é sinal de que tudo funcionou corretamente. Não somos os protagonistas, os protagonistas são os atletas”, completa.
Para Celso Lopes, diretor do Sindpd, o projeto de tecnologia voltado à Olimpíada é um exemplo claro da capacidade de evolução e precisão que o setor de TI tem a oferecer para todas as atividades. “Evidentemente, o trabalhador tem uma importância muito grande nesse contexto, porque é ele quem desenvolve todos esses sistemas”, salienta o dirigente.
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