Sob uma aura de curiosidade e expectativa do público, os atores iniciaram o espetáculo mostrando os jogos teatrais, que levaram a plateia a dar muita risada com a atividade.
“A proposta do trabalho é a gente se sentir livre, se sentir bem. A busca do prazer, do encontro, do jogo, brincadeira, de ser criança, de se divertir. Acho que teatro nos traz essa magia de poder, juntos, nos divertir”, ressaltou o coordenador do Teatro Commune, Augusto Marin.
No segundo ato teve início a cena “O Quarto da Infância”, baseada em um exercício da Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq, na França, na qual cada um recuperou objetos e jogos da infância. Com uma atuação cheia de emoção, a atriz Maria Presutti começou a simular diversas brincadeiras infantis.
Quando os demais atores entraram em cena, tiraram do baú, que estava no meio do cenário, um objeto ligado à infância pessoal de cada um: bonecas, pulseiras, raquetes de tênis, diário, caixinha de música, bola de futebol, entre outros.
Questionados por Marin sobre o significado dos objetos, ao fim do espetáculo, os atores levaram para o palco uma emoção ímpar e autêntica sobre o passado, que emocionou os espectadores.
“Estamos emocionados porque foi um trabalho muito sutil. Tenho anos de teatro e acho que a coisa mais difícil para a gente é trazer uma emoção genuína no palco, a nossa verdade em cena. É um trabalho que demanda desafio e coragem”, parabenizou Marin.
“A gente apresentou o trabalho que estamos fazendo. É uma responsabilidade muito grande”, disse Maria Presutti.
Mãe de Merli Sanches, Maria Célia Sanches avaliou a primeira apresentação da filha. Merli é associada do Sindpd há quase vinte anos e trabalha na Qualicorp. “Achei incrível! A Merli disse que iria ao teatro e eu perguntei: ?mas que teatro?? Ela disse que seria o teatro. Eu achei muito legal porque ela achou necessidade de fazer parte do grupo teatral”, disse, orgulhosa.
Voltadas à expressão corporal e vocal, as aulas de teatro, além de serem um instrumento de desenvolvimento da criatividade, desenvoltura e versatilidade, são uma forma de fazer com que o trabalho em equipe deixe de ser um empecilho no crescimento profissional e, especialmente, pessoal.
De forma unânime, os participantes da iniciativa do Sindicato afirmaram que o método melhorou a maneira como eles se comunicam com as pessoas e trabalham em equipe, além de funcionar como um fator desestressante e de autoconhecimento.
Maria Aparecida Teixeira da Silva decidiu fazer o curso de teatro para aprimorar sua forma de se comunicar no trabalho. “Eu sou uma pessoa que fala muito, e em determinado momento fiquei tímida. O curso foi uma das melhores coisas que aconteceu na minha vida”, afirmou. “Estou até mais tolerante”.
A fim de afastar a timidez, Aldo César Rota Junior se juntou ao grupo teatral em fevereiro e apontou que entre os maiores aprendizados que levará para a vida está a vontade de ajudar o próximo. “Eu sou uma pessoa extremamente tímida e o teatro tem me ajudado muito. Há uns oito meses eu não conseguiria estar dando essa entrevista”, revelou. “Uma das coisas mais importantes que aprendi aqui foi a prestar atenção no próximo. Eu andava pela rua e não me importava com os outros. Aqui eles nos ensinaram que devemos estar sempre prontos a auxiliar. Isso faz bem pra gente”.
“Estamos em aprendizado e tudo é uma descoberta”, comentou Patrícia Dulcinéia Silva. “Aqui eu aprendi a trabalhar em equipe, melhorei a desenvoltura para apresentações no meu trabalho e a falar em público. Mais pessoas do Sindpd deveriam aderir e participar; se vierem uma vez, vão se apaixonar”, convidou a participante do grupo.
O autoconhecimento e as possibilidades que se revelam quando a timidez é deixada de lado e superada – mesmo que não por completa – fizeram com que Elaine Cristina Campos se tornasse menos introspectiva. “Os professores dão abertura e te ajudam a mostrar que você pode melhorar e então abre-se um leque de opções na sua vida”, contou. “Isso está aflorando dentro de mim e está me mostrando que não preciso ficar escondida. Aos poucos estou vendo que vou conseguir. Eu nem tinha fotografia no Whatsapp e agora coloquei uma imagem lá”, comemorou a integrante do grupo teatral.
A associada Merli de Souza enfrentou certa relutância por conta da timidez, que chega junto com a maior parte dos participantes, mas que deixa de existir conforme o tempo de curso. Merli contou que conheceu a iniciativa do Sindpd por uma amiga de empresa, que participava da iniciativa mas acabou deixando São Paulo, o que a impossibilitou de continuar as aulas ao lado da colega.
“Ela falava que era legal e eu sempre gostei, mas tinha vergonha. Esse ano eu falei: eu vou. Ainda fiquei relutando até que um dia resolvi participar”, disse. “É algo interessante para todos fazerem porque mexe com várias áreas de sentido”.
Já para Maria Aparecida Presutti, o maior feito do grupo teatral em sua vida foi o quesito antiestresse. “Lá você desestressa, você aprende, você começa a perceber que você é capaz de muitas coisas”, frisou. “Com esse curso estou mais leve e liberta, e eu sei que eu sou capaz. Está sendo fantástico”.
Para Ildeani “Nanne” Ferreira Alkimin, o autocontrole foi o maior aprendizado. “A gente vive desesperado e dá para usar o teatro na vida real, sim”, afirmou. “Nas aulas você relaxa, esquece tudo e vive de forma leve, saudável e agradável”.
O curso, no entanto, não é apenas para os inexperientes e novatos na arte de atuação. Vânia Regina Sacramento contou que fez parte de um grupo de teatro amador por 13 anos e abraçou a oportunidade oferecida pelo Sindicato pela possibilidade de melhorar seus métodos cênicos. “Eu sabia que bons profissionais estariam nos dando um ensinamento maior para eu poder melhorar como atriz e conhecer mais as técnicas. Os profissionais foram maravilhosos, pois cada um trouxe uma técnica diferente, um conhecimento diferente. Ganhamos muito com isso”, disse.
Valquíria Eduardo Silva, que também fez pequenos trabalhos como atriz em teatro amador e trabalhos voluntários, afirmou que pretende continuar o curso em 2017. “A gente tem desenvolvimento da conversa, [aprende] a se mostrar para as pessoas, além de que o convívio que temos aqui é bem familiar. É muito bacana”, disse Valquíria.
Marca registrada há três anos no grupo teatral, Carlos Amoroso está desde 2014 participando das aulas e das apresentações no Teatro Commune. “A apresentação de hoje foi um pouco do trabalho que faremos para o próximo ano”, adiantou.
Projeto em constante movimento
A parceria entre o Sindpd e o Teatro Commune superou as expectativas com a participação de 23 pessoas, ao longo do ano, no grupo teatral. “Boa parte deles era associada ao Sindpd. Acreditamos que esse número pode aumentar em 2017”, estimou.
Sempre envolvido em ações sociais, em outubro, no dia das crianças, o Teatro Commune organizou uma oficina de maquiagem em parceria com o Sindpd para cerca de 450 crianças. A oficina contou com a participação de seis jovens aprendizes do Projeto Teatro Cidadão, que vivem na favela de Heliópolis e que integram o curso de capacitação e montagem teatral no Teatro Commune.
O Commune também apresentou em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Córdoba, no Teatro Maria Castaña, o espetáculo Anti-Comics – uma parodia dos Super Heróis, de Sonia Daniel, com apoio do Instituto IBERESCENA da Espanha, tendo George Germino, funcionário de TI e ator do grupo teatral do Sindpd, como o narrador da peça.
Além disso, recentemente o Teatro Commune foi contemplado com um Prêmio do Proac Editais para circular com a peça pelo interior do Estado de São Paulo, tendo dois atores do Sindpd e funcionários de TI no elenco: George Germino e Cesar Serrano. Ambos apresentaram a peça “Cookie! Culler! Squid o seu Rollback…” em 2014.
“Gostaríamos de fazer um agradecimento especial ao presidente Antonio Neto, ao vice-presidente João Antonio, à diretora Priscila Sena, ao Alessandro Rodrigues e toda a equipe do Sindicato, e ao pessoal da imprensa, que vêm tornando possível oferecer aos associados do Sindpd aulas gratuitas de teatro e a participação em um grupo teatral do Sindicato e nas suas apresentações”, agradeceu Marin. “Para nós, artistas, o Sindpd é hoje um dos Sindicatos mais modernos e avançados no sentido de criar oportunidades para seus associados e para a comunidade que os cerca, indo muito além de seu papel constitucional de entidade de classe. Parabéns ao Sindpd”, finalizou.
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