Ao fim da quarentena, profissionais devem encontrar ambientes de trabalho com menos gente, sem mesas definidas para cada funcionário e com mais áreas de reunião —isso se o escritório ainda continuar lá.
Após meses de home office forçado, 73,8% das empresas pretendem implementar a prática de forma permanente no Brasil, segundo estudo da consultoria Cushman & Wakefield, que ouviu 122 executivos de multinacionais em abril.
“Quanto mais a quarentena durar, mais companhias devem aderir ao modelo. As pessoas vão ficar habituadas, e o diferente será voltar ao escritório”, diz André Miceli, coordenador do MBA de marketing e negócios digitais da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Uma pesquisa conduzida pelo professor em março, no começo do isolamento, concluiu que o trabalho remoto cresceria 30% no país. Hoje, ele acredita que o número mais factível esteja em torno de 80% —considerando a adoção da prática, no mínimo, uma vez por semana.
“A pandemia não criou tendências. A do home office estava em curso, mas sofreu uma intensa aceleração”, diz.
No início do ano, a fabricante de cimento franco-suíça LafargeHolcim já havia estimulado que seus empregados administrativos no Rio de Janeiro trabalhassem ao menos um dia de casa. A ideia era reduzir aos poucos a resistência dos gestores ao sistema remoto.
Com a implantação do modelo nos últimos três meses, a companhia sentiu um aumento da produtividade. Decidiu, então, fechar o escritório na capital fluminense e manter os 150 funcionários em teletrabalho de modo permanente.
“É uma oportunidade boa para o empregado, que poderá ter um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, e para a empresa, em termos de custo”, diz a diretora de recursos humanos e comunicação, Juliana Andrigueto.
A estimativa da fabricante é que a medida gere uma economia de R$ 2 milhões por ano.
A companhia planeja ainda adotar de três a quatro dias de home office nos outros escritórios, em São Paulo e Pedro Leopoldo (MG). Com isso, os espaços deverão ser reduzidos e ganhar salas de reunião.
Já a empresa de tecnologia Aktie Now decidiu manter os postos de trabalho dentro de sua sede, em São Caetano do Sul (SP), após uma pesquisa mostrar que quase 60% dos 34 funcionários querem continuar indo ao escritório pelo menos três vezes por semana, quando for seguro voltar.
Mas não haverá mais uma mesa exclusiva para cada empregado. Os lugares agora serão compartilhados, diz o diretor-executivo, Bruno Stuchi. Uma reforma, já prevista antes da pandemia, vai ampliar as áreas de convivência.
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