Inflação dos alimentos – De acordo com previsões mais moderadas de alguns economistas, este ano a inflação não deve repetir as altas do ano passado. Alguns alimentos, porém, devem ter alta nos valores, principalmente na primeira metade deste ano.
Na última quinta-feira (06), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertou os consumidores a desconfiar de preços reajustados de forma exagerada após o aumento do salário mínimo.
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Analistas ressaltam que o principal “vilão” da alta dos alimentos será o café. Parte do aumento tem relação com uma já existente inflação do produto na indústria, porém que ainda não chegou na ponta.
Outro fator são os danos do solo, que ainda não se recuperou completamente da estiagem ocorrida no ano passado. A consequência será uma safra menor no Brasil, que é o maior produtor do grão no mundo.
O analista econômico da Genial Investimentos Gabriel Pestana “espera altas de 7,60% em janeiro, 5,21% em fevereiro e 5,46% em março. O consumidor vai ficar sentindo esse aumento no primeiro trimestre, diria que o segundo trimestre inteiro também. Depois disso, o aumento pode ser em torno de 3% e chamará menos atenção”.
Espera-se uma alta de 25% para o café neste ano, com um impacto maior sobre os preços no primeiro e segundo trimestres, como afirmou Leonardo Costa, economista da financeira ASA. De acordo com ele, o tipo arábica tem um ciclo as safras alternam entre uma colheita maior e outra menor em razão do ciclo bianual de produção.
Outro “vilão” devem ser as proteínas animais, especialmente a carne bovina. De acordo com Costa, o consumidor ainda colhe os frutos do ano passado, quando a arroba do boi disparou e ainda não chegou a valores mais confortáveis. O economista espera que o alimento tenha uma alta de 14% ao consumidor no ano de 2025.
Pestana, por sua vez, projeta um aumento de 10% para as carnes este ano. Embora o preço da proteína possa arrefecer em fevereiro, com a arroba do boi gordo em queda, essa redução deve ser apenas um recuo temporário, como um mecanismo de equilíbrio de mercado.
“A condição de oferta de carne vai ficar ruim porque tem que esperar o bezerro maturar para abater. O estoque está menor”, afirma, Pestana. Ou seja, a virada do ciclo do boi, com processo de retenção de fêmeas, não elimina por completo a tendência de preços elevados.
Outros alimentos in natura, como hortaliças, frutas e legumes tal qual batata, tomate e cenoura devem subir cerca 10,5% no ano, de acordo com Costa. Entretanto, trata-se de um segmento muito volátil e sem grande peso expressivo na cesta.
Impulsionada pela desvalorização do real e pelo aumento dos preços dos insumos agrícolas no mercado internacional, a alta tem relação direta com o encarecimento da produção no campo, aponta Costa.
“No ano passado, esse grupo chegou a registrar deflação, mas a expectativa para 2025 é de alta. O tomate pode subir 15% no ano. Temos notícias piores para safras no Sul, mas os modelos climáticos indicam um caminho de transição para a neutralidade.”
A cenoura, por exemplo, já apresenta tendência de alta neste início de ano. De acordo com os dados analisados pela Genial Investimentos, pode acumular avanço de 60%.
Já frango e ovos têm projeções divergentes: enquanto alguns apontam a possibilidade de deflação, outros preveem reajuste para cima. Na verdade, o preço desses alimentos acaba tendo relação direta com o preço da carne bovina, pois são substitutos diretos da proteína.
Itens que também geram discordâncias entre os economistas são o feijão, o óleo de soja e o arroz cujos resultados das próximas safras ainda são aguardados. Estes produtos têm ligação com o câmbio e com as expectativas de inflação, que podem levar vendedores a antecipar reajustes de preços.
(Com informações de O Globo)
(Foto: Freepik/Reprodução)