Várias empresas britânicas começaram, há alguns meses, a testar o sistema de semana de quatro dias de trabalho sem redução de salário. Neste modelo, trabalhadores como Matt Kimber, engenheiro da empresa de software BrandPipe, viram sua qualidade de vida aumentar com mais um dia livre na semana sem apresentar qualquer impacto negativo para a empresa.
O teste de seis meses organizado pelo grupo 4 Day Week envolveu aproximadamente mil trabalhadores de 61 empresas, das quais 56 (92%) responderam que pretendem manter o modelo de quatro dias de trabalho.
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Com o sucesso do teste, há uma expectativa de que a semana de 32 horas seja incorporada na legislação trabalhista britânica, reduzindo o número máximo de horas que é permitido atualmente. Países como Escócia, Estados Unidos, Islândia e Nova Zelândia já adotaram medidas semelhantes.
Para a advogada Anne-Marie Irwin, sócia do escritório Rook Irwin Sweeney, especializado em direito público e direitos humanos, a mudança é vista como consenso após o teste. “Depois de analisar a pesquisa, francamente, me parece ser uma escolha óbvia.”
Há um sentimento otimista de que a mudança pode até mesmo aumentar a produção nas empresas. Para Kimber (BrandPipe), um terceiro dia de folga semanal faz a concentração no trabalho aumentar.
“É uma sensação muito boa regressar como se fosse o primeiro dia”, observou, acrescentando que tinha percebido que sentia menos pressão para aproveitar ao máximo os fins de semana por causa do dia de folga extra. “Estou mais concentrado no trabalho nos meus dias úteis”, disse.
Para realizar o teste, a maioria das empresas decidiu dar aos funcionários um dia extra de folga por semana, enquanto outras preferiram dar o dia extra a cada duas semanas.
No caso da BrandPipe, o modelo adotado foi de instituir uma reunião semanal de equipe e definir ‘substitutos’ para que outro funcionário assuma as principais tarefas no dia que o titular esteja de folga.
“Nosso objetivo é garantir que os funcionários fiquem com a cabeça mais fresca por mais tempo, porque é assim que fazemos nosso melhor trabalho”, afirmou Jeff Slaughter, fundador da BrandPipe.
Para a advogada Irwin, vai ser preciso desafiar uma cultura fortemente incutida no mundo do trabalho que valoriza longas horas de trabalho, estresse e exaustão: “Só queremos inverter essa prática. Não é algo de que possamos nos orgulhar; ao contrário, é motivo de preocupação.”
Após o primeiro teste da semana de quatro dias (2022), 70% dos quase 3000 funcionários afirmaram que houve uma diminuição no estresse e no esgotamento, enquanto as empresas disseram que não houve impacto negativo em suas receitas.
Os organizadores do teste apresentarão os relatórios às autoridades do Reino Unido, que já demonstraram interesse em reformar as leis trabalhistas.
Com otimismo, o diretor da 4 Day Week, Joe Ryle, afirmou: “Queremos que a semana de quatro dias se torne a forma normal de trabalhar neste país até o fim da década.”
Apenas um mês depois de implantado, o teste já havia revelado sinais do sucesso. Slaughter disse ter notado que “na BrandPipe já se percebia uma mudança impressionante na mentalidade de seus funcionários. Temos uma nova energia que não tínhamos”, contou.
Projetos que anteriormente levavam duas semanas passaram a ser concluídos em apenas uma. Além disso, os clientes não notaram nenhuma redução na qualidade do serviço.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik)