Inteligência Artificial – A recente flexibilização da moderação de conteúdo no ChatGPT colocou a OpenAI no centro de uma polêmica sobre privacidade e segurança digital. Testes realizados pela imprensa mostraram que o chatbot passou a divulgar CPF de figuras públicas, como empresários, apresentadores de TV e políticos, a partir de informações disponíveis em processos judiciais, registro eleitorais e atas de empresas publicadas na Internet.
A plataforma, no entanto, apresentou comportamento distinto ao ser questionada sobre números de identificação de figuras públicas estrangeiras. Enquanto expõe CPFs de brasileiros, se recusou a divulgar o Social Security Number (SSN) de políticos americanos, como Donald Trump e Joe Biden, alegando que compartilhar tais dados seria “antiético e ilegal”.
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Diante da exposição do problema, a OpenAI informou estar trabalhando para corrigir a falha. A empresa declarou que seus modelos são treinados para recusar pedidos de dados pessoais sensíveis, mesmo quando essas informações estão publicamente acessíveis.
“Treinamos os modelos que alimentam o ChatGPT para recusarem solicitações de identificadores governamentais, mesmo que essas informações estejam disponíveis online. Agradecemos os relatos de exemplos que não estão em conformidade com nossas políticas e estamos trabalhando ativamente em uma solução”, diz a empresa em nota.
Em um novo teste realizado após a polêmica, o chatbot passou a responder que “divulgar ou usar o CPF de terceiros é antiético e ilegal”. Enquanto isso, outras plataformas concorrentes, como a chinesa DeepSeek, a Meta AI e o Gemini, não revelaram números de CPFs em testes similares.
A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) estabelece diretrizes para a divulgação e utilização de informações pessoais no Brasil, mas a divulgação de dados pessoais por uma IA gerativa levanta dúvidas sobre sua aplicação. Segundo especialistas, a LGPD permite que certos dados sejam tornados públicos em contextos como autos judiciais e registros eleitorais, o que poderia justificar a acessibilidade desses CPFs. Porém, advogadas divergem sobre se a prática representa, de fato, uma violação da legislação.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar a questão em breve, dentro de um caso de repercussão geral que pode definir a linha entre transparência pública e proteção de dados. O julgamento terá impacto direto em plataformas de IA e repositórios de informações públicas online.
A capacidade das inteligências artificiais de acessar e reproduzir dados da Internet levanta questionamentos sobre até que ponto essas ferramentas podem ser responsabilizadas pela divulgação de informações sensíveis. Enquanto mecanismo de busca tradicionais, como o Google, listam links para fontes externas, o ChatGPT e outras IAs generativas frequentemente incorporam conteúdo diretamente em suas respostas, tornando difícil distinguir a origem das informações.
(Com informações de Folha de S. Paulo)
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