Nesta quarta-feira (19), o Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo (Sindpd-SP) esteve na BB Tecnologia e Serviços – empresa de TI do Banco do Brasil – para mais uma ação da Maratona 8 de Março. Desta vez, as trabalhadoras participaram de uma reflexão a respeito das múltiplas jornadas enfrentadas pelas mulheres e os efeitos dessa sobrecarga.
Representaram o Sindpd a diretora Priscila Sena Mansonetto, que é coordenadora da Maratona 8M, e o diretor Paulo César de Almeida. Durante todo o mês da mulher, o sindicato organizou palestras e debates em parceria com empresas de sua base para incentivar a inclusão de mais mulheres no setor de TI e promover o bem-estar dessas profissionais.
(Saiba mais sobre a Maratona 8 de Março).
A palestra foi ministrada pela psicanalista e pedagoga Maria Auxiliadora Camargo, que começou lembrando como a inclusão das mulheres no mercado de trabalho e a conquista de direitos básicos são muito recentes para elas, como o direito de trabalhar sem a autorização do marido (1962).
Ela deu um exemplo disso contando sua própria experiência no banco, onde já trabalhou no início de sua carreira. “Quando eu entrei no Banco do Brasil, não tinha nem banheiro feminino no escritório, e isso não foi na época de Dom João VI”, brincou.
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Até a inserção historicamente recente das mulheres no mercado de trabalho, sua função era se dedicar exclusivamente à casa e à família, e os reflexos dessa cultura tão enraizada permanecem até hoje, explicou Maria Auxiliadora. Assim, ainda é comum que elas próprias se cobrem a dar conta de tudo, o que é conhecido como “Síndrome de Mulher-Maravilha” ou “Síndrome da Salvadora”.

Os efeitos da sobrecarga acabam se refletindo na saúde mental e até mesmo física das pessoas, que podem sofrer de transtorno como ansiedade, depressão e síndrome de burnout (síndrome do esgotamento).
Uma trabalhadora compartilhou como essa autocobrança de querer “abraçar o mundo” pode ser até mesmo perigosa. Ela contou que certa vez seus filhos ficaram internados e ela recusava ajuda para cuidar deles, pois queria ter certeza de que tudo estava sendo feito corretamente. Porém, a situação lhe causou tanta exaustão que um dia ela trocou os medicamentos das crianças, o que causou piora nos seus quadros de saúde. Apesar de tudo ter ficado bem, ela diz que isso foi uma lição de como ninguém consegue fazer tudo sozinho e de como é importante aceitar e pedir ajuda, sem sentir culpa por isso.
A psicanalista ressaltou que, além de aceitar ajuda e não se culpar pelo que não conseguiu fazer, é essencial dedicar um tempo para cuidar de si mesma, seja para fazer um exercício física, assistir a um filme ou se dedicar a um hobbie. De acordo com ela, a melhor forma de evitar a sobrecarga é estabelecer prioridades, sendo o autocuidado a prioridade número um.
Ela questionou quantas trabalhadoras ali tinham um hobbie ao qual pouco ou nunca se dedicavam. Uma delas falou que costumava sair com frequência para dançar, mas não fazia isso há seis anos porque “não dá mais tempo”, devido a suas obrigações no trabalho e em casa. Maria Auxiliadora falou como é comum que as mulheres abandonem o que sentem prazer em fazer para se dedicarem aos outros, mas que é preciso estabelecer limites e ter sempre claro que cuidar de si é a tarefa mais importante.
Techday e sorteios
No final do debate, Priscila Mansonetto convidou as trabalhadoras a participarem do Techday, evento de encerramento da Maratona 8M que será realizado em 29 de março, no Hotel Meliá Ibirapuera.
A ocasião contará com a participação de convidadas renomadas, como a empresária Luiza Trajano, que debaterão temas relevantes para as profissionais de TI, como inclusão e liderança feminina.
Haverá ainda o sorteio de dois iPhones 16 para as sócias e contribuintes que participaram dos eventos e realizaram o cadastro prévio durante as atividades da maratona, e outro para aquelas que estiverem presentes no Techday. Inscreva-se no Tech Day clicando aqui.
