Da periferia para a TI – O terceiro painel do Techday, evento promovido pelo Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo) contou com a presença de Fernanda Souza, que é voluntária no ensino de soft skills para jovens em formação tecnológica. Fernanda também atua como gerente de projetos voltados para a diversidade e inclusão, como o coletivo Wakanda Streamers e a comunidade Feministech.
Com participação em grandes eventos como Campus Party, Programaria Summit, The Developers Conference e PerifaCon, Fernanda aproveitou o painel do Techday “Desafios na Carreira” para contar sobre as dificuldades que encontrou em sua trajetória profissional desde a formação até o desafio de uma mulher periférica ingressar e se firmar na área de tecnologia.
LEIA: “Primeira lição é não desista”, diz líder em TI pioneira no Brasil
“Eu tenho 39 anos e sou mãe de um universitário. A minha trajetória acadêmica demorou muito para acontecer, eu venho da periferia, da Zona Leste. Quando a gente sai da periferia em condição de vulnerabilidade social, a primeira coisa que a gente pensa é em trabalhar, a gente precisa de dinheiro e, só depois, pensa em pagar uma faculdade”, contou a gerente de projetos.
“E eu fui na contramão e fiz duas faculdades públicas, ali a gente vê que o sistema está sempre te jogando para fora”, acrescentou.

Transição de carreira
Depois de anos dedicados a trabalhos na área cultural, Fernanda fez uma transição de carreira e foi trabalhar como engenheira de dados e, a partir dos desafios encontrados nessa experiência, sentiu que deveria contribuir para que mais pessoas tenham a mesma oportunidade de trabalhar na área de tecnologia.
“Eu pensei em como poderia, não só refletir para o meu filho, dar esse exemplo para ele, mas também como eu poderia transformar outras realidades pensando na educação como um todo, incentivar outras pessoas a estudar, melhorar a qualidade de vida delas”, afirmou Fernanda.
Ela também falou sobre como é desafiadora a rotina de múltiplas jornadas das mulheres que trabalham na área de tecnologia e precisam se atualizar sempre, se desdobrando entre tarefas domésticas, estudos e trabalho.

Referências femininas
Ao fim do painel, Fernanda ressaltou a importância de iniciativas como o Techday para impulsionar o ingresso de mulheres na área de TI. “O Techday foi uma experiência incrível porque a maioria das nossas referências (em tecnologia) são homens. Então, aqui a gente ouviu outras mulheres refletindo sobre questões de carreira, sobre como chegar à liderança. Foi um evento de muita troca e que impulsiona mulheres a estarem na área de tecnologia”, pontuou.
“A gente precisa de mais eventos como esse, essas iniciativas precisam continuar no ano inteiro para que a gente saiba aonde a gente pode chegar e comece a traçar caminhos que não foram pensados antes”, finalizou.
O Techday ocorreu no dia 29 de março e foi organizado pelo Sindpd-SP. O evento marcou o encerramento da Maratona 8 de Março, iniciativa do sindicato que, durante todo o mês da mulher, promoveu palestras e debates em dezenas de empresas de sua base e reuniu centenas de trabalhadoras, com o objetivo de debater a inclusão feminina no setor de TI.
(Foto Capa: Divulgação/Sindpd)