Desemprego – Mesmo com a recuperação gradual do mercado de trabalho nos últimos anos, os jovens brasileiros seguem enfrentando dificuldades para conseguir e manter um emprego. Segundo pesquisa do FGV Ibre com base em dados da Pnad Contínua (IBGE), a taxa de desemprego entre pessoas de 18 a 29 anos é mais que o dobro da verificada entre adultos de 30 a 59 anos.
A diferença é expressiva e persistente, ainda que ambas as faixas etárias tenham apresentado melhora nos últimos trimestres.
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Entre os fatores que contribuem para esse cenário estão a falta de experiência profissional, a baixa qualificação técnica e a precarização do trabalho. De acordo com a economista Janaína Feijó, autora do estudo, essas barreiras acabam empurrando os jovens para ocupações informais.
“Pelo fato de não terem experiência e a qualificação necessária, as oportunidades que geralmente aparecem para os jovens são informais, porque eles não conseguem atender os critérios das vagas formais”, explica Feijó.
“E isso tende a se retroalimentar. Quando o jovem vai para a informalidade, os desafios para conseguir se qualificar e voltar para o emprego formal são maiores. É a armadilha do subemprego. Quando você entra, é difícil sair”, acrescenta.
A pesquisa mostra que, no último trimestre de 2024, 38,5% dos jovens ocupados estavam na informalidade. No grupo de 30 a 59 anos, o índice foi de 35,9%.
A alta informalidade entre os jovens também impacta diretamente na subocupação, ou seja, em vagas com carga horária reduzida, muitas vezes insuficiente para garantir a renda desejada.
O economista Paulo Peruchetti, também autor da pesquisa, destaca que esse fator compromete o rendimento mensal. Enquanto a média salarial nacional no período foi de R$ 3.315, os jovens receberam, em média, R$ 2.297 – uma diferença de 30%.
Além de salários mais baixos, os jovens estão majoritariamente concentrados em ocupações de menor qualificação e remuneração. Entre as 20 funções que mais empregam trabalhadores de 18 a 29 anos, a taxa de informalidade média foi de 44,6% – superior à média nacional. Já o rendimento médio mensal desses postos ficou em R$ 1.815.
Desafios
A pesquisa também aponta a necessidade de os jovens desenvolverem habilidades técnicas e socioemocionais (soft skills) – como trabalho em equipe, resiliência e proatividade – para atender às exigências do mercado.
Essa lacuna acaba reforçando a preferência de muitos empregadores por trabalhadores mais velhos, considerados mais preparados para lidar com o ambiente profissional.
A economista destaca outro fator importante: “E também existe um fator sociocultural, de que a geração Z chega ao mercado de trabalho com expectativas que não necessariamente se enquadram no que os empregadores estão demandando”.
Entre janeiro e fevereiro de 2025, jovens entre 18 e 29 anos foram responsáveis por quase metade dos pedidos de demissão no Brasil, segundo outro levantamento da pesquisadora.
“Essa geração tem valores diferentes, então, às vezes, quando os empregos não são tão bem remunerados ou têm escalas mais rígidas, os jovens não conseguem ficar e saem por conta própria”, completa Feijó.
Caminhos possíveis
A dificuldade de inserção dos jovens no mercado formal também tem implicações macroeconômicas. Em um país que já enfrenta um processo de envelhecimento populacional, a baixa presença de jovens na força de trabalho pode comprometer a inovação, a competitividade e a arrecadação de tributos.
Para o economista Paulo Peruchetti, o caminho passa pela qualificação. “É essencial que os jovens se qualifiquem para ocupar vagas que paguem melhor e sejam mais formais”, afirma.
Janaína Feijó ressalta que há iniciativas públicas e privadas oferecendo cursos gratuitos, mas que esses programas ainda carecem de maior sintonia com as demandas do mercado.
“É preciso fazer esse link entre o lado empregador e a oferta, que são os jovens procurando emprego. Ajudá-los a desenvolver habilidades socioemocionais, de como se comportar no trabalho”, diz.
(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik)