Rayane Jacobson, cofundadora e diretora de marketing da consultoria de tecnologia 200DEV, compartilhou sua trajetória no evento que debateu os desafios enfrentados por mulheres na área de TI. Com uma carreira iniciada em Goiânia (GO), onde montou um negócio de sucesso no setor de eventos, ela decidiu se mudar para São Paulo para seguir sua paixão pela tecnologia.
Em sua fala, Jacobson abordou as dificuldades que vivenciou e ainda vive como mulher e pessoa com deficiência auditiva em um setor que ainda precisa avançar muito na inclusão. A partir de sua experiência e de diálogos com outras profissionais, ela listou obstáculos comuns na trajetória feminina em TI: clima desfavorável, escassez de representatividade feminina, observações misóginas, subnotificação de assédio, exigência de comprovação contínua de competência, avaliações parciais de desempenho, dificuldade de ter voz, exclusão de projetos complexos, assédio moral, desafios da maternidade e outros.
LEIA: “Não esperar que as coisas venham até você”, aconselha líder em marketing no Techday
Sua abordagem para enfrentar essas questões é prática: concentrar-se no que está ao seu alcance. Ela relembrou um diálogo marcante:
“O marido de uma amiga falou para mim: ‘Rayane, parece que a vida para você acontece muito fácil’. E eu não tinha entendido por que ele disse isso. Aí ele falou: ‘é porque você pega um problema e resolve’. E eu vou fazer o que com um problema se não for resolver, gente? E aqueles que não têm solução, o que é que eu posso fazer? Infelizmente a gente sabe que não é assim para todo mundo, às vezes tem muitas barreiras, inclusive as internas, muitas vezes duvidamos de nós mesmas”, disse.

Apesar das disparidades, como a diferença salarial média de R$ 40 mil anuais entre líderes homens e mulheres, Jacobson enxerga potencial de transformação e acredita que esse cenário pode ser usado como motivação para que mulheres alcancem posições de influência e, a partir delas, promovam condições mais justas.
Ela reforçou a importância da mobilização social para avançar na equidade. “A questão da equidade de gênero é sua e de quem se preocupa com você. A sociedade pode promover referências e é isso o que o Sindpd está fazendo. Colocando mulheres aqui na frente para falar e também para escutar. A gente precisa de referências próximas e distantes também.”
Sobre o Techday, elogiou a iniciativa e a necessidade de debates frequentes.
“É fundamental que a gente tenha espaço para falar sobre isso. Eu recebi vários depoimentos de mulheres que saem daqui fortalecidas e a gente precisa disso constantemente para ter mais resiliência, olhar com mais sabedoria e se aceitar um pouco mais porque são muitas dificuldades no caminho. Eventos como esse nos dão um fôlego novo”.
O Techday marcou o encerramento da Maratona 8 de Março, projeto do Sindpd que promoveu dezenas de encontros em empresas durante o mês das mulheres, com foco na inclusão feminina no setor de tecnologia.

(Fotos: divulgação/Sindpd)