Plenária IMA – Nesta quarta-feira (14), o Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo) promoveu uma plenária com centenas de trabalhadores da IMA (Informática de Municípios Associados) de Campinas para esclarecer o andamento das negociações com a empresa a respeito das inúmeras denúncias que o sindicato recebeu dos funcionários.
Na ocasião, o Sindpd anunciou que ingressou com uma ação na Justiça do Trabalho para que a IMA seja obrigada a cumprir a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria de TI em São Paulo e a indenizar os funcionários para repor as perdas salariais e em cláusulas econômicas como o auxílio-refeição e o auxílio creche, entre outros pedidos, entre os anos de 2020 e 2025.
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“No mês de março de 2025, esta entidade sindical tomou ciência, por meio de centenas de denúncias oferecidas por empregados, de que a Reclamada vem descumprindo de maneira sistemática as disposições convencionais estabelecidas pelas Convenções Coletivas de Trabalho (CCT) da categoria”, diz trecho da ação.
Em 2022, o sindicato e a IMA iniciaram tratativas para a formalização de um Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que acabou não sendo finalizado diante da recusa da empresa em reajustar o valor do auxílio-refeição de forma adequada. Mesmo assim, a IMA aplicou unilateralmente o suposto acordo de forma irregular e ilegal.
“Utilizaram uma suposta ACT sem assinatura do sindicato, e inclusive mentindo aos trabalhadores, anunciando um acordo que jamais existiu. Agora, a empresa vem com propostas irrisórias. Diante da postura empresa, que não quer dialogar, não nos restou outra alternativa a não ser entrar na Justiça do Trabalho”, explicou o presidente do Sindpd, Antonio Neto, durante a plenária.
Neto contou que o sindicato sempre se mostrou aberto a negociar com a empresa para tentar chegar a um consenso, mas que a IMA desrespeitou os seus trabalhadores novamente ao apresentar propostas ínfimas, como um auxílio home office de R$ 50 para os funcionários. “Uma proposta que sequer levamos a sério”, acrescentou, lembrando que a cada dia surgem novas denúncias de ilegalidades cometidas pela direção da empresa, que está sendo investigada pelo Ministério Público do Trabalho (MTP).
“Chantagem”
Coordenadora jurídica do Sindpd, a advogada Augusta Raeffray tirou dúvidas de trabalhadores a respeito do processo protocolado contra a IMA, além de comentar uma série de novas denúncias feitas durante a plenária. Raeffray alertou os trabalhadores sobre a postura da empresa, que tenta intimidar os funcionários com supostas “ameaças”.
“A gente sabe que a empresa faz um encaminhamento internamente, uma ‘chantagem’ né, dizendo que ‘se tiver que pagar atrasados, vai ter que privatizar a empresa, que vai precisar demitir funcionários’, a mesma história que sempre ouvimos de empresas que tentam se esquivar de suas responsabilidades trabalhistas.”, pontou a advogada, relatando que o sindicato se reuniu com a Comissão de Empregados da IMA – que tem acompanhado todo o processo de negociação com a empresa – de forma bastante positiva.
A possibilidade de greve foi ventilada pelos próprios trabalhadores da IMA, diante da conduta abusiva da empresa em se negar a corrigir as irregularidades que se acumularam nos últimos anos. De acordo com cálculos do sindicato, os funcionários da IMA vêm enfrentando sérias defasagens salariais.
Por exemplo, um funcionário com salário de R$ 3 mil em janeiro de 2018 acumulou, até abril de 2025, uma perda de R$ 16.989,73 – o equivalente a 3,47 salários atuais. Os valores variam conforme a faixa salarial, mas evidenciam a grave defasagem provocada pela não aplicação dos reajustes da CCT.
Emerson Morresi, secretário-geral do Sindpd, avalia que um dos pontos mais importantes de todo este processo é a recuperação da relação entre os trabalhadores da IMA e o sindicato, que nos últimos anos passou por um processo de modernização, investindo e preparando seus diretores e funcionários para defender os interesses da categoria de TI em São Paulo.
“Nós inauguramos uma nova forma de atuação no Sinpdp, com as mais modernas ferramentas, investindo em BI (Business Intelligence), em pesquisa, investigação e claro, nas pessoas, para que estejamos cada vez mais preparados. Com os dados precisos nas mãos, a gente se senta na mesa de negociação e sabe se a empresa está mentindo”, avalia.
Morresi acrescentou que o sindicato tem investido também para auxiliar os profissionais de TI a avançarem em suas carreiras, como por exemplo, o lançamento do Sindplay, plataforma de qualificação que já possui mais de 140 cursos disponíveis aos seus mais de 15 mil alunos.
Durante a plenária, o Sindpd ouviu sugestões e opiniões dos trabalhadores para construir ações conjuntas e fortalecer a mobilização. “Podem nos criticar, inclusive. As críticas são muito bem-vindas, para que possamos melhorar a cada dia no relacionamento com o trabalhador”, finalizou Antonio Neto.
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