Pesquisadores da Universidade de Pequim anunciaram o desenvolvimento de um chip ultracompacto capaz de operar em diferentes faixas de frequência — desde micro-ondas até terahertz. O dispositivo atinge taxas de transmissão superiores a 120 Gbps e surge como um dos alicerces tecnológicos das futuras redes 6G, segundo estudo publicado no fim de agosto pela revista Nature.
A novidade combina design optoeletrônico reconfigurável e integração de ponta, superando limitações das soluções tradicionais. A proposta é entregar redes mais ágeis, adaptáveis e funcionais mesmo em cenários complexos, incluindo áreas de difícil cobertura e aplicações críticas.
Leia: Convite aos escritórios de contabilidade que atendem empresas de TI
Diferenciais
O diferencial está na junção entre elementos fotônicos e semicondutores. O chip utiliza nióbio de lítio em filme fino para lidar com frequências que vão de 0,5 GHz a 115 GHz com precisão e mínima interferência. Essa configuração permite que um único circuito execute funções que, até então, dependiam de diversos rádios separados, reduzindo fragmentação e melhorando a eficiência.
Apesar do tamanho reduzido, o chip mantém desempenho elevado. O oscilador optoeletrônico integrado garante comunicação estável em faixas altíssimas — até 115 GHz — sem acúmulo de ruído. O resultado é um salto para taxas acima de 120 Gbps, parâmetro considerado essencial para as redes móveis da próxima geração.
Outro ponto central da inovação é sua capacidade de se adaptar automaticamente ao ambiente. O chip monitora a qualidade do canal e migra para outra frequência disponível sempre que identifica interferência ou bloqueio, assegurando estabilidade na conexão.
Para o professor Wang Cheng, da Universidade de Hong Kong, essa flexibilidade representa mais do que velocidade, “abre caminho para redes sem fio governadas por inteligência artificial”.
Já o pesquisador Wang Xingjun, da Universidade de Pequim, avalia que o avanço é a base para uma “rede nativamente orientada por IA”, em que o hardware ajusta parâmetros de forma autônoma conforme as condições do espectro eletromagnético.
Perspectivas industriais
Além de transformar o desempenho das comunicações, a tecnologia pode redesenhar a cadeia produtiva do setor, influenciando desde a fabricação de materiais até o desenvolvimento de antenas e módulos optoeletrônicos.
Os cientistas também já planejam dar um passo além: integrar laser, antena e fotodetector em um módulo compacto, do tamanho de um pendrive, em formato plug and play. A ideia é que a solução possa ser acoplada facilmente a smartphones, drones, estações-base e dispositivos de Internet das Coisas (IoT).
(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik)