O comportamento dos bens intermediários, que respondem por 60% da produção industrial do país, explica em boa medida a taxa de crescimento apurada. Além disso, percebe-se que o mercado interno tem sido mais importante do que o externo, segundo explicou Sílvio Sales, economista e coordenador do Departamento de Indústria do IBGE.
“Os bens intermediários concentram boa parte das exportações que são positivas, mas não são crescentes. Isso estimula uma produção para (atender) a demanda interna. Isso guarda relação também com a estabilização dos estoques”, disse o economista.
Sales esclareceu que as empresas exportadoras apuraram, nos anos de 2003 e 2004, uma taxa de crescimento superior à média da indústria como um todo. Em 2005, o ritmo ficou em 3,5 por cento, correspondente à média. Agora em 2006, enquanto a taxa de crescimento acumulada pela indústria no primeiro semestre foi de 3,3 por cento, a das exportadoras ficou em 2,9 por cento.
“Isso reforça a tese de que o crescimento está sendo estimulado pelo mercado doméstico”, disse Sales.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira, o IBGE destacou também que a produção acabou refletindo o comportamento de outros fatores, como a oferta de crédito, o crescimento do rendimento médio real e a inflação em queda.
Ainda em relação a abril, a produção de bens de capital avançou 1,8 por cento, a de bens intermediários cresceu 1,9 por cento e a de bens de consumo semi e não-duráveis, 0,4 por cento. Já a produção de bens de consumo duráveis caiu 0,3 por cento.
“Esperávamos crescimento de 1,0 por cento. Veio mais forte, mas foi um dado qualitativamente bom, com crescimento em bens de capital e intermediários, que refletem mais investimentos… gerando ambiente propício para redução de juros”, comentou a economista-chefe da Mellon Global Investments, Solange Srour.
Analistas esperavam, pela média de oito projeções, expansão de 1,0 por cento da produção ante abril. Frente a maio do ano passado, a estimativa média de 11 instituições era de crescimento de 3,8 por cento.
No ano, a atividade acumula expansão de 3,3 por cento e nos últimos doze meses, de 2,6 por cento.
O aumento no ritmo de produção entre abril e maio atingiu 13 das 23 atividades com séries sazonalmente ajustadas acompanhadas pelo IBGE.
A produção de veículos automotores, por exemplo, cresceu 6,2 por cento, enquanto o setor de alimentos apurou alta de 2,5 por cento e máquinas e equipamentos tiveram elevação de 3,1 por cento.
(Texto de Daniela Machado) / agência Reuters
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