Aconteceu, nesta segunda-feira, na avenida Paulista, a mobilização convocada pela FSM (Federação Sindical Mundial) e CSI (Confederação Sindical Internacional) que procura levar o povo às ruas em todos os países para reivindicarem a garantia dos empregos neste período de crise internacional. Só em São Paulo, mais 10 mil pessoas percorreram o trecho até a Bolsa de Valores de São Paulo.O movimento ocorreu em outros 19 estados e no Distrito Federal e contou com a participação das centrais sindicais, movimentos sociais e estudantis. Já se percebia enquanto se preparava este movimento, no dia 27, a unidade e a vontade das lideranças sindicais e sociais para organizarem a sociedade na defesa do desenvolvimento econômico, produtivo e em defesa do emprego para todos. Veja abaixo algumas opiniões neste sentido.
“Essa manifestação faz parte de uma mobilização convocada pela FSM e CSI em nível mundial. Essa crise não foi feita pelos trabalhadores, portanto não vamos pagar por ela. Os defensores da política neoliberal, do ‘estado mínimo’, se vêem obrigado agora a pedir que o Estado socorra os monopólios, as multinacionais, que estão chantageando com demissões. A unidade é fundamental e já mostramos que isso é possível com manifestações pela redução dos juros, para que o país possa retomar o crescimento econômico e gerar empregos”, afirmou o vice-presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira).
Para o membro da executiva nacional da CUT Antônio Carlos Spis, “a preocupação número um é a manutenção de postos de trabalho. Mesmo empresas que receberam investimentos do governo, como a Vale e a Embraer, estão demitindo. É o momento do governo Lula colocar em questão a Convenção 158 da OIT, que coíbe demissões imotivadas”.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (Paulinho), disse que “estarão no ato todos os defensores dos trabalhadores, de forma unitária. É uma luta de todo o povo brasileiro e também de outros países, contra o desemprego, contra a crise. A grande novidade é que, em São Paulo, conseguimos juntar as centrais, os movimentos sociais e partidos políticos ligados aos trabalhadores”.
“A maneira de enfrentar a crise é reduzir os juros, reduzir a jornada sem reduzir os salários e controlar as remessas de lucros. O governo Lula tem feito um esforço para enfrentar a crise, mas o papel dos movimentos sociais e ir para as ruas dizer não às demissões e em defesa dos direitos”, destacou a presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP) e diretora da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB), Lídia Correa.
Em artigo, Lula diz que espera respostas para “crise de civilização”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considera que a reunião do G20 (grupo que reúne representantes de países ricos e dos principais emergentes) na próxima quinta-feira (2), em Londres, “não pode decepcionar” e deve dar respostas à atual “crise de civilização”, segundo artigo publicado hoje pelo jornal francês “Le Monde”.
“Mais que uma grave crise econômica, estamos diante de uma crise de civilização” que exige “novos paradigmas, novos modelos de consumo e novas formas de organização da produção”, ressalta Lula
Lula, que esta semana fará uma breve escala em Paris para preparar a cúpula do G20 com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, acrescenta no artigo que “é importante salvar os bancos”, mas “é mais importante ainda proteger os empregos e impulsionar a produção”.
O G20, acrescenta, deve oferecer soluções para resistir aos efeitos “devastadores” da crise e dirigir para “uma profunda reformulação da economia internacional a médio e longo prazo”.
Entre as medidas mais urgentes, o presidente brasileiro cita o restabelecimento do crédito e a luta contra o protecionismo, para fazer frente à queda do comércio e dos investimentos em nível mundial.
“Em tempos de crise, o protecionismo, que eu qualifico de droga, aumenta” e isso tem um efeito provisório de euforia, mas, a médio e longo prazo, acaba provocando uma “profunda depressão” com “funestas consequências sociais e políticas”.
Outra aposta de Lula prevê o fim dos paraísos fiscais e “democratizar” o FMI (Fundo Monetário Mundial) e o Banco Mundial, instituições que foram “incapazes” de prever e controlar a desordem financeira atual.
Segundo o presidente brasileiro, a crise trouxe à tona os profundos erros de políticas econômicas que se apresentaram como infalíveis e a fragilidade dos organismos multilaterais de Bretton Woods.
Definitivamente, mostrou que os instrumentos econômicos de regulação são obsoletos, acrescenta Lula, antes de insistir em que “precisamos de uma sociedade na qual homens e mulheres sejam atores de sua história, e não vítimas da irracionalidade que reinou nestes últimos anos”.
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