“A semente que plantastes começa a produzir os seus primeiros frutos sazonados. E a imensa floração, que se estende por todos os quadrantes da Pátria, é a prova de que o seu sangue derramado pela libertação do país não caiu em terreno sáfaro. Do Norte ao Sul, o Brasil se levanta, moral e materialmente, do torpor, do abatimento, do largo sono infecundo em que, por tantos anos, esteve mergulhado”.
Com estas palavras, proféticas e patrióticas, o presidente Getúlio Vargas encerrou o discurso proferido no dia 23 de novembro de 1934, em Porto Alegre, para seus conterrâneos gaúchos, numa espécie de prestação de contas da situação do país após quatro anos da Revolução que mudou a face da nação brasileira, criou as bases para a nossa industrialização e começou a pavimentar o caminho da emancipação econômica e social dos trabalhadores.
Getúlio foi, sem dúvida, o maior brasileiro que já existiu. Liderou o nosso povo, venceu a oligarquia e iniciou a construção de uma Nação independente, onde os trabalhadores passaram a sonhar e a lutar por uma vida mais digna e pelo direito de olhar para os seus filhos e dizer que eles terão as mesmas oportunidades de se alimentar, de estudar, de crescer, do que têm os herdeiros das famílias abastadas.
Getúlio criou as leis trabalhistas, alicerçou o nosso desenvolvimento. A obra de Getúlio foi o Brasil. Foi ele o criador da Petrobrás, foi o seu sangue que possibilitou que esta empresa rasgasse o nosso subsolo, o nosso mar, e revelasse ao mundo que os brasileiros são donos de uma das maiores reservas de hidrocarbonetos existentes no Planeta.
Hoje, 56 anos após a sua morte, nada é mais atual do que as suas palavras. Não foram poucos os exercícios acadêmicos que buscaram apagá-las. Mas isso é impossível, aliás, esta é uma característica que diferencia os vertebrados das amebas. A coluna vertebral permanecerá para as futuras gerações.
E Getúlio não foi apenas fiel às suas palavras, aos seus discursos. Ele as colocou em prática, pois sabia que a sua obra era o começo e que um dia os trabalhadores chegariam ao governo para terminá-la.
Getúlio nos ensinou que não é possível um país se desenvolver para “proporcionar aos homens, às mulheres e às crianças a existência digna, segura, próspera e confortável a que têm direito”, sem a forte e planejada presença do Estado na economia. O Estado é indissociável do processo de desenvolvimento. Sem Estado, não há desenvolvimento.
Foi necessário passarmos pela consumada leviandade do neoliberalismo para que o conjunto do povo absorvesse com mais profundidade este ensinamento.
Hoje, temos um trabalhador na Presidência da República. Lula iniciou o resgate da obra getulista, reestruturou o Estado e começou a invalidar as distâncias sociais que começaram a aumentar entre os brasileiros. Este projeto está ancorado, sobretudo, no Programa de Aceleração do Crescimento, na reconstrução da Petrobrás, na valorização gradual e constante do salário mínimo, na geração de empregos e nos programas sociais, que podem ser compreendidos por todo e qualquer serviço público oferecido pelo governo, seja na educação, saúde ou no apoio aos brasileiros que precisam de ajuda complementar.
Nosso compromisso, dos trabalhadores e dos cidadãos de bem deste país, é completar a obra de Getúlio, comprovando a assertiva de que “o seu sangue derramado pela libertação do país não caiu em terreno sáfaro”, pelo contrário, carregamos o seu nome como nossa bandeira de luta e usaremos os seus ensinamentos para desenvolver esta Nação em sua plenitude.
Para tanto, precisamos aprofundar e colocar em prática as mudanças necessárias para o Brasil seguir em frente. Tal programa está estampado no projeto de Nação defendido pelas centrais sindicais, que reuniram mais de 25 mil dirigentes em evento histórico no estádio do Pacaembu, em São Paulo e aprovaram uma Agenda da Classe Trabalhadora para um projeto nacional de desenvolvimento com soberania e valorização do trabalho.
Este documento está sustentado por seis eixos estratégicos, que buscam o crescimento com distribuição de renda e o fortalecimento do mercado interno; a valorização do trabalho decente com igualdade e inclusão social; o Estado como promotor do desenvolvimento socioeconômico e ambiental; a democracia com efetiva participação popular; a soberania e integração internacional e os direitos sindicais e negociação coletiva.
Defendemos que o crescimento econômico esteja orientado diretamente para a ampliação do mercado interno de consumo de massa, com geração de emprego e ampliação da renda do trabalho. Ao mesmo tempo é necessário avançar nas diferentes políticas sociais, em especial nas áreas de educação, saúde, habitação, infraestrutura e de transferência de renda.
Por fim, não podemos esquecer do nosso Pré-sal, riqueza incomensurável descoberta pela principal empresa criada por Getúlio, a Petrobrás. É nosso dever patriótico fazer com que os recursos advindos desta atividade sejam usados para pagar uma dívida histórica com o povo mais sofrido, implementando a justiça e a igualdade social. Este é o nosso compromisso, é a nossa dívida com Getúlio e com os milhares de brasileiros que sacrificaram suas vidas para construir esta grande Nação chamada Brasil.
Antonio Neto
Presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), é membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI).
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