Em caráter preliminar, os conselheiros do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (CDES) e o Comitê Econômico e Social Europeu (CESE) iniciaram os debates sobre os temas relacionados à segurança alimentar e à produção agrícola, em encontro realizado entre os dias 8 e 10, em Antuérpia, na Bélgica.
Mesmo tendo integrado a programação da terceira reunião da Mesa Redonda Brasil-UE, o assunto será aprofundado internamente entre os dois conselhos antes da tentativa de construir os consensos a serem apresentados para os respectivos governos.
As considerações do Conselho brasileiro foram apresentadas pelo presidente da Contag, Alberto Broch, que fez um histórico da evolução dos programas sociais nos mais diversos governos, destacou os principais avanços obtidos no governo Lula e apontou os desafios a serem superados para que a agricultura familiar obtenha o seu lugar ao sol.
Com relação à fome existente no mundo, Alberto destacou que a ação do mercado especulativo tem grande influência. “O aumento dos preços dos alimentos não é gerado por um mero descompasso entre oferta e demanda de alimentos nos mercados. A crise mais recente, iniciada em 2008, decorrente da bolha imobiliária nos Estados Unidos, contribuiu para aumentar a fome no mundo, sobretudo nos países em desenvolvimento”, afirmou.
Para o sindicalista, a discussão deste assunto não pode ser feita de maneira isolada. “Temos que promover parcerias internacionais, baseadas na cooperação multilateral visando responsabilizar e assegurar o compromisso dos governos de garantir o direito à alimentação de seus povos, respeitando a soberania alimentar e desenvolver ações concretas que vençam os desafios da paz e da segurança alimentar, especialmente nos países pobres e em desenvolvimento”, ressaltou Alberto.
A responsabilidade dos mercados de capitais e da ação dos cartéis na propagação da fome pelo planeta e na inviabilização da agricultura familiar foram pontos elencados pelos conselheiros dos dois lados.
Para o italinao Mario Campli, membro do Cese, a causa da insegurança alimentar do mundo não está ligada à produção agrícola, pois os preços não são determinados pela lei da oferta e da procura. “Existem outros critérios gerados pela especulação. Portanto, combater a volatilidade das commodities agrícolas é importante para diminuir o acesso ao alimento”, disse.
Antes de tudo, segundo Campli, é necessário “considerar a alimentação um direito universal do cidadão, permitindo que a sociedade intervenha para garantir este direito”. “As causas da fome no mundo são políticas e a experiência brasileira prova isso”, completou.
Libertar os alimentos de tal influência, uma vez que cinco grandes cartéis controlam e manipulam 77% do comércio de alimentos no mundo, é decisivo para que os agricultores consigam obter o seu sustento do campo, ampliando, portanto, a produção
Em sua intervenção, o presidente da CGTB, Antonio Neto, enfatizou que a responsabilidade pelo combate à fome é de todos. Segundo Neto, sem prepotência, o Brasil pode se apresentar como um dos principais atores neste tema, muito devido às políticas internas e externas do país. “Além de criar o Fome Zero, ter apoiado fortemente a agricultura familiar, Lula pregou e praticou a solidariedade internacional, estabelecendo importantes parcerias com os países africanos por meio da Embrapa”, afirmou Neto
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