O presidente da CGTB e do Sindpd, Antonio Neto, participou ontem (15/12), no Palácio do Planalto de duas importantes solenidades. A primeira, na parte da manhã, foi a divulgação das realizações do governo Lula e o registro de tais feitos em cartório. Na parte da tarde foi realizado um ato com a presença das centrais sindicais e dos movimentos sociais. Além da apresentação das publicações e dos sites que reunirão as obras e conquistas de cada setor do governo, o presidente Lula entregou a um tabelião oficial um documento, dividido em seis livros por eixos temáticos, com as realizações do seu Governo, desde os programas de inclusão social às conquistas econômicas, passando pelo novo papel do Brasil no cenário internacional.
As realizações dos oito anos de gestão do presidente Lula estão registradas em um livro de 310 páginas. Nele, as medidas previstas no programa de governo e os compromissos assumidos ao longo dos dois mandatos são comparados com aquilo que realmente foi feito durante os oito anos. O evento, que lotou um dos salões do Palácio do Planalto, reuniu ministros e ex-ministros, governadores, parlamentares e representantes de movimentos sociais. Até mesmo ex-colaboradores do governo, como José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, estiveram na solenidade. A presidenta eleita Dilma Rousseff, que ocupou dois ministérios durante a gestão de Lula, participou da cerimônia ao lado do presidente.
Ao iniciar o discurso, Lula afirmou que sua intenção não era fazer um grande evento, mas já que havia se transformado em uma cerimônia de grandes dimensões, então iria tirar proveito. Lula citou, então, várias ações realizadas entre 2003 e 2010 e comemorou dados como o aumento do emprego e da renda no país.
O presidente fez um agradecimento a todos os ministros que compuseram sua equipe e afirmou que juntos atravessaram momentos difíceis e também momentos de glória. “Quando descer aquela rampa no dia 1º de janeiro, tenho a consciência de que cada partícula do que construímos neste país tem a participação de vocês. Isso porque obedecemos a vontade do povo.”
“Nós viemos, há oito anos, com o compromisso de mudar o Brasil. Nós viemos com o compromisso de destravar este país imenso, que vivia de promessas de um futuro glorioso que nunca chegava. Nós viemos para combater a fome e a pobreza, mas também para enfrentar as causas da desigualdade e fazê-la diminuir cada vez mais. Nós viemos para promover o desenvolvimento do país inteiro, embora fazendo crescer mais as regiões que sempre haviam ficado historicamente para trás. Nós viemos para mudar o lugar do Brasil no mundo, para conquistar o respeito que o nosso país merece e poder influir fortemente na solução de problemas internacionais, visando à paz e à convivência harmoniosa entre as nações. Nós viemos para fazer tudo isso democraticamente, valorizando o Congresso Nacional e ampliando, ao mesmo tempo, a participação da sociedade nas decisões. Nós estamos felizes de poder dizer claramente que todos, todos os setores da sociedade brasileira melhoraram de vida nesses oito anos, mas que os mais pobres, que eram tratados com indiferença ou mesmo com desprezo, melhoraram mais”, afirmou o presidente Lula.
O governador da Bahía, Jaques Wagner, do Partido dos Trabalhadores (PT), que discursou em nome dos governadores, destacou como grandes marcas do Presidente Lula a capacidade de diálogo, de construção do consenso e de comando e disse que a sua liderança “ultrapassou as fronteiras brasileiras”.
Pelos ministros, falou Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação Social. “O Brasil aprendeu (no Governo Lula) que pode conquistar, pode andar com as próprias pernas, pensar com sua própria cabeça e fazer o seu próprio destino”, assinalou. Martins manifestou também a sua confiança no Governo Dilma Rousseff e elogiou a “coragem” da Presidente eleita, presente na cerimônia, na luta pela democracia durante a ditadura militar no Brasil.
O Presidente Lula recebeu ainda uma homenagem de uma agricultora e artesã do Ceará, Maria do Socorro Nascimento, que disse ter uma “história de progresso” a contar graças ao atual Governo, que tirou 30 milhões de pessoas da pobreza absoluta. “Nós, pobres brasileiros, o elevamos a pai dos pobres”, disse a trabalhadora ao Presidente Lula da Silva.
Na parte da tarde, no encontro com os movimentos sociais, Lula agradeceu o apoio que recebeu em seu governo. “E por que eu disse no começo que era uma reunião de agradecimento? É porque vocês foram muito solidários comigo nos momentos muito difíceis. Eu digo sempre que eu construí muitos amigos no Brasil, muitos. Agora, tem amigos e amigos. É por isso que eu fazia questão de dizer sempre: eu sei de onde vim e sei para onde eu vou. Eu sei quem era. Eu sei quem eram os meus amigos antes de eu ser presidente da República e sei dos amigos que eu construí como presidente da República. E, certamente, construí amizades extraordinárias na Presidência da República. Mas tem uma base originária que é aquela chamada “base de sustentação”, que é aquela demarcação do campo de classe, que diz o companheiro João Paulo, ex-prefeito de Recife. A gente tem que estar sempre demarcando o campo de classe para a gente não vacilar, para a gente não bobear. Ou seja, e eu sei, então, que daqui a pouco eu estarei na porta da fábrica fazendo discurso. Nunca me peçam para falar contra a Presidenta, que eu não vou falar, nunca me peçam para falar contra um ministro amigo meu, que eu não vou falar, mas tem outras coisas para a gente criticar por aí”, disse.
Segundo o presidente, a luta apenas começou. “Há três anos, era quase que inacreditável dizer que este país ia ter uma mulher presidenta da República. Quantas vezes eu ouvi dizer: “Esse Lula é louco. Essa mulher. Essa mulher nunca participou de passeata, de carreata, nunca fez assembleia, não foi vereadora, não foi deputada, como é que o cara vai indicar essa mulher? Ele é louco. Porque no Brasil não existe o hábito de se dar uma oportunidade para aqueles que não têm experiência. E era exatamente o fato de ser a novidade que eu entendia que deveria ser uma mulher candidata a presidente da República no Brasil. E essa novidade emplacou, emplacou. E emplacou não com a facilidade que deveria ter emplacado – porque ela era infinitamente melhor do que o outro. Era porque ainda tivemos que enfrentar o preconceito, e que eu digo sempre que o preconceito é uma doença grave e ainda não encontraram vacina para ela”.
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