Depois de registrar sua menor taxa de expansão em 2009 e iniciar uma recuperação no ano seguinte, o mercado brasileiro de software e serviços confirmou, em 2011, a retomada do ritmo de crescimento. No ano passado, o setor movimentou US$ 21,4 bilhões, um salto de 12,6% em relação a 2010. Os dados integram o estudo anual realizado pela consultoria IDC em parceria com a Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes).
Do montante divulgado pela pesquisa, o setor de software foi responsável por uma receita de US$ 6,3 bilhões, o que representou um crescimento de 14,9% na comparação anual e deu ao país uma participação de 1,1% no mercado mundial. As receitas de serviço atingiram o volume de US$ 15,1 bilhões, um desempenho 11,9% superior ao registrado em 2010. Nesse segmento, a participação global do Brasil ficou em 4,6%.
As exportações no período totalizaram US$ 1,95 bilhão. Excluindo esse valor, o mercado interno brasileiro gerou receita de US$ 19,5 bilhões, ante US$ 17,3 bilhões em 2010. Com esse faturamento, o país subiu uma posição no ranking mundial do segmento, para a décima colocação.
Para Jorge Sukarie, vice-presidente do conselho da Abes, os volumes movimentados no Brasil e as perspectivas de crescimento no país têm contribuído para modificar as estratégias de boa parte das companhias nacionais de software e serviços. Até pouco tempo atrás, a necessidade de investir em exportação e a meta de seguir os passos da Índia, maior exportadora mundial, eram os discursos dominantes do setor. "Há tanta oportunidade ainda não explorada, que essas empresas estão percebendo que, ao menos nos próximos cinco anos, o Brasil deve ser o foco, principalmente para quem conhece esse mercado", disse Sukarie.
Com iniciativas voltadas ao mercado externo desde 2008 e operações nos Estados Unidos, a BRQ é uma das empresas que estão seguindo esse movimento. "Já fomos mais agressivos no exterior; agora nossa postura, em curto e médio prazos, é manter posição lá fora e investir fortemente no Brasil. O país está em um momento muito bom", afirmou Benjamin Quadros, presidente da BRQ.
Para reforçar essa posição, o executivo disse que no acumulado do ano os negócios da BRQ no Brasil registraram um crescimento de 30%, enquanto nos Estados Unidos esse avanço foi de 15%. A companhia prevê fechar 2012 com uma receita de R$ 450 milhões.
Apesar das boas perspectivas do mercado interno, dois fatores chamam a atenção no estudo. Apenas 20% da receita total de software foi gerada por companhias brasileiras, enquanto as empresas estrangeiras responderam por 78% das vendas de sistemas no país. Os softwares destinados à exportação ficaram com os 2% restantes.
Em outra frente, o perfil das companhias brasileiras continua concentrado entre microempresas e de pequeno e médio portes. Segundo a pesquisa, esse universo representa atualmente 93,4% de todo o mercado local.
Por Moacir Drska | De São Paulo
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