Há exatos 189 dias, desde o registro da Pauta de Reivindicações 2015/2016, os profissionais do Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO aguardam a disposição da estatal em negociar um reajuste salarial compatível com o crescimento (6,7% – segundo dados apresentados pelas entidades de representação da categoria) do setor de Tecnologia da Informação. Sem acordo até o momento, e tendo transcorrido sete rodadas de negociação, os trabalhadores deliberaram pela paralização geral das atividades a partir desta terça-feira, 06, por tempo indeterminado.
O movimento deve causar impacto no funcionamento dos serviços em Brasília e mais 10 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Florianópolis, Porto Alegre, Recife e Salvador). "Nossa paralização é por dignidade. A data-base destes trabalhadores é maio. Já demos sinalizações, em mesa, de que estamos dispostos a negociar, mas a diretoria da empresa oferece um reajuste salarial desrespeitoso, que sequer repõe as perdas da inflação. Como é possível o trabalhador que dia a dia se empenha para o crescimento da companhia continuar testemunhando uma divisão tão indigna? Por isso decidiram cruzar os braços", disse Paulo Roberto de Oliveira, diretor do Sindpd.
Segundo Oliveira, os profissionais estão reivindicando a correção dos salários de acordo com o IPCA (Imposto Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), isto é, 8,17% mais 1% de ganho real. Mas a estatal ofereceu 5,5% para o ano de 2015, parcelado em duas vezes, sendo 50% aplicado em 1º de novembro e o restante em janeiro de 2016; em maio de 2016 reajuste de 5%, sob o argumento de dificuldades no orçamento.
De acordo com informações divulgadas no site da empresa, o SERPRO é considerado uma das maiores organizações do setor em toda a América Latina. Dentre as várias soluções desenvolvidas pela estatal estão a declaração do Imposto de Renda via Internet (ReceitaNet), a nova Carteira Nacional de Habitação, o novo Passaporte Brasileiro e os sistemas que controlam e facilitam o comércio exterior brasileiro (Siscomex).
"A mobilização dos trabalhadores é um modo efetivo de sensibilizarmos a empresa. A diretoria não mostrou nenhuma boa vontade em negociar, disse não a todas as cláusulas. Se quisermos minimamente recompor as perdas precisaremos participar de forma ativa deste movimento. Não dá para transferir a responsabilidade sobre nossas vidas para outros, a luta é de todos nós", finalizou o diretor do Sindpd.
As entidades de representação dos trabalhadores de TI estão realizando assembleias de avaliação do movimento grevista diariamente e a paralização deverá seguir até o Serpro sinalizar disposição para apresentar nova contraproposta.
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