Para honrar o compromisso, assumido durante evento em celebração do Dia Internacional da Mulher, de realizar o empoderamento feminino, o Sindpd, em parceria com o Technovation Brasil, um programa de empreendedorismo e tecnologia para mulheres, realizou um workshop gratuito para ensinar meninas a programarem aplicativos para Android. A iniciativa, que não exigiu qualquer experiência anterior nesta área, teve por meta estimular maior participação feminina no mercado de TI, hoje integrado majoritariamente por homens.
Com duração de quatro horas, o programa ensinou as jovens a idealizar, estruturar e desenvolver uma ferramenta que pudesse contribuir para a resolução de algum problema social por meio da tecnologia.
Durante o workshop, 10 grupos, compostos por no mínimo quatro meninas e uma mentora, desenvolveram projetos de aplicativos para solucionar problemas como a inserção de deficientes no mercado de trabalho, o desenvolvimento educacional, a reciclagem de matérias, o bullying, o controle de gastos, o uso consciente de água durante o banho e a organização da rotina profissional e escolar. Numa premiação simbólica, o terceiro lugar ficou para o aplicativo "Antibullying", que propunha o controle do ato nas escolas. O segundo time ganhador foi o "Recicle já", com uma proposta de conscientização sobre o reuso dos descartes. Quem levou o primeiro lugar foi o grupo que desenvolveu a ideia de um aplicativo de vagas de trabalho exclusivas para profissionais com algum tipo de deficiência.
Uma mudança necessária
Para a associada do Sindpd Adriana Leal Amaral Dotta, funcionária da Thomson Reuters, é preciso estimular o interesse que as meninas já têm, para que a vontade de ingressar no mercado não se perca com o passar dos anos, ou mesmo nas primeiras dificuldades. "Acho bastante interessante a proposta que foi feita. (…) É importante que desde esta idade elas já tenham consciência de que podem participar, que o que ela faz pode ser revertido para o benefício da sociedade", afirmou a participante.
A jovem Andressa Gonçalves, integrante de um dos grupos, destacou a discriminação que as mulheres sofrem quando tentam ingressar em áreas culturalmente mais propensas a receber homens. "Há um certo preconceito com as mulheres que tentam programar, que tentar entrar nesta parte de desenvolvimento, como se a gente não tivesse a mesma capacidade intelectual para desenvolver a mesma tarefa. Para ela, a iniciativa deveria ser abraçada por toda a sociedade. "Temos que nos unir para trazer cada vez mais mulheres para a área de TI, porque só temos a ganhar", disse.
Já Patrícia Fisher, hoje professora em cursos de tecnologia e inscrita como mentora da oficina, relatou a emoção de ver mais mulheres ingressando na área. "Estou há muito tempo na área de TI e, até o meu mestrado, eu nunca tive uma colega mulher. Hoje em dia está mais fácil, eu até tenho alunas mulheres. Mas as vezes eu começo uma turma com 12 meninas e não forma uma. Chega na metade do curso, às vezes, eu tenho uma ou duas, mas elas acabam desistindo, um pouco pelo bullying que elas sofrem e um pouco por não terem companheiras. Tem que empoderar mais mulheres. Elas têm que aprender agora, de pequenas", sentenciou.
Incentivo
De acordo com Nathalia Goes, coordenadora do Technovation Brasil, "o importante é esquecer todas as barreiras que existem na cabeça, que isto [tecnologia] é coisa de meninos, que é difícil, ou algo para quando estiverem mais velhas. A opinião é partilhada por Camila Achutti, graduada em Ciência da Computação pela USP e embaixadora do programa no Brasil. Para ela, tornar o mercado de tecnologia mais híbrido e democrático só irá beneficiar a todos. "A gente só vai ter uma tecnologia que resolva os problemas do mundo quando todo o mundo estiver por ela representado", apontou.
Na análise de Christianne Poppi, diretora do projeto em âmbito nacional, é cada vez mais imperiosa a necessidade de mudar este cenário excludente, em que "as mulheres, que são maiores consumidoras de tecnologia no mundo, ainda são as que menos participam de sua criação". Segundo afirma, "todo mundo sabe e convive com essa questão, mas ainda são poucos os que realmente estão agindo para mudar o cenário. Ter uma entidade como o Sindpd levantando a bandeira do empoderamento feminino em tecnologia é importantíssimo, porque além de fortalecer este movimento, também amplia a discussão nas empresas e entre os profissionais da área", destacou.
Para a diretora do Sindpd Sandra Bueno, uma das articuladoras da parceria, junto com Sue Ellen Naka, Adriana Hilário, Priscila Sena e Maria de Lourdes Claro, a oficina tem por mérito fortalecer as potencialidades e o interesse que as jovens já possuem em tecnologia. "Nós estamos muito contentes em apoiar esta iniciativa, pois é um meio de desenvolver o que elas já têm dentro de si. Só precisamos contribuir para que desenvolvam esta capacidade".
O presidente do Sindpd, Antonio Neto, afirmou que continuará apoiando o projeto Technovation e que ainda pretender estender a abrangência da iniciativa. "Quando conhecemos o projeto ficamos apaixonados pela ideia de empoderamento das mulheres. Vamos continuar apoiando este programa. Nossa intenção é realizar mais quatro workshops nas regionais do Sindicato no interior", finalizou.
Transformando o mundo
A oficina de programação faz parte de um programa amplo de empoderamento desenvolvido pela ONG internacional Iridescent, que também organiza o Technovation Challenge, uma das maiores competições de tecnologia voltada, especificamente, para o público feminino do ensino fundamental II e médio. As jovens participam de concurso de 12 semanas em que identificam e apresentam soluções para um incômodo real da sociedade. Ao final do processo, as finalistas expõem suas ideias no Vale do Silício (Califórnia – USA) e concorrem a um prêmio de US$ 10 mil. As inscrições para desafio já estão abertas. Veja outras informações em www.technovationchallenge.org/brasil.
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