Com uma proposta de reajuste salarial de 3%, a direção da Cobra Tecnologia iniciou a primeira rodada de negociação da Campanha Salarial 2015/2016, realizada no Rio de Janeiro, na última terça-feira (27). Bastante inferior à inflação dos últimos doze meses (10,33%) – segundo o Índice de Custo de Vida do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (ICV-DIEESE) -, a oferta foi considerada ofensiva pelos trabalhadores da companhia que, em assembleias deliberativas realizadas em todo o Brasil, aprovaram o estado de greve, bem como reafirmaram a pauta de Reivindicações 2015/2016.
De acordo com as entidades de representação dos profissionais da Cobra, há alguns eixos políticos que devem nortear as negociações deste ano, dentre os quais a dignidade dos trabalhadores, a garantia de conquistas, a não retirada de direitos, a não precarização das condições e relações de trabalho, o fim do assédio moral e a igualdade de direitos. Preliminares que, para a representação, sequer foram consideradas pela estatal ao elaborar sua oferta. "Os trabalhadores e as trabalhadoras da Cobra não irão pagar pela crise. A empresa tem divulgado os bons resultados econômicos, e estes frutos são resultado da participação e dedicação de cada trabalhador da empresa", aponta Ata oficial.
Em seu argumento, a direção da Cobra afirmou que a construção da proposta, que também oferece abono de R$ 500, em parcela única, auxílio-refeição de R$650 a partir de 1º de outubro e manutenção das demais cláusulas do Acordo Coletivo de Trabalho em vigência, teve por orientação o cenário econômico. "É um momento de cautela e reflexão onde as partes devem procurar os direitos já conquistados ao longo dos últimos anos", destacou.
A alegação sobre a conjuntura econômica desconsidera o cenário de "ascensão e crescimento" pelo qual passa a companhia, segundo afirmações da organização dos trabalhadores. "Neste sentido, reiteramos a necessidade da aplicação de ganho real aos salários, que estão bem defasados", aponta.
Para o diretor do Sindpd Celso Lopes, o processo negocial irá exigir ampla capacidade de mobilização dos profissionais da Cobra. "Como vimos no ano passado, será nossa união a única capaz de garantir os direitos pelo quais lutamos e que esbarram a cada negociação na resistência do empresariado. Persistimos para que seja preservada a dignidade da categoria, e isto passa por reajuste com ganho real e benefícios compatíveis com a importância destes profissionais para País", ressaltou.
Na perspectiva de avançar na negociação do Acordo Coletivo, a segunda rodada foi agendada para 5 de novembro, na sede da Cobra Tecnologia, no Rio de Janeiro.
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