O Sindpd comunica, com muita tristeza, o falecimento da Dra. Lys Esther Rocha, no último sábado,12, aos 59 anos – muitos deles dedicados à Medicina do Trabalho.
Parceira de muitos anos de luta do Sindicato, colaborou conosco em 2000 na elaboração da Convenção Coletiva sobre o Trabalho dos Analistas de Sistemas e Assemelhados, uma conquista enorme da nossa categoria para disciplinar o processo de produção e a necessidade de aprimoramento dos instrumentos técnicos e legais, com uma ótica voltada à prevenção e participação integrada dos agentes sociais diretamente interessados.
Lys teve uma vida dedicada à prática da educação e saúde dos trabalhadores. Na década de 1980, conta lenda, um representante sindical associou suas inicias (L.E.R.) às lesões por esforços repetitivos durante a batalha, para que fosse reconhecida como uma doença profissional que, na época, acometia milhares de trabalhadores de Processamento de Dados.
Pouco conhecidas até os anos 1970, as LER/DORT (Lesões por Esforço Repetitivo/Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) tiveram rápido crescimento nos ambientes de trabalho em todo o mundo. No Brasil, na década de 1980, os casos de tenossinovite entre digitadores levaram os sindicatos de trabalhadores em Processamento de Dados a lutar pelo reconhecimento das lesões como doenças profissionais; e Lys foi uma parceira importante nesta luta, contribuindo com o seu conhecimento, adquirido na Universidade de São Paulo, para depois ingressar no Ministério do Trabalho e Emprego como Auditora Fiscal do Trabalho.
Em 1986, diante dos numerosos casos de tenossinovite em digitadores, o presidente Antonio Neto e diretores da área de saúde do Sindpd fizeram contato com a DRT/SP, buscando recursos para prevenir a referida patologia. Ressurge, então, a parceria com a Dra. Lys, que constituiu uma equipe composta de médicos e engenheiros da DRT/SP e, juntamente conosco, elaborou um plano de ação constituído de várias fiscalizações nas empresas, verificando as precárias condições de trabalho e repercussões na saúde dos trabalhadores.
Em 6 de agosto de 1987, o Ministério da Previdência atendeu à reivindicação do Sindpd e, com a portaria 4.602, incluiu a tenossinovite do digitador no rol de doenças do trabalho.
A professora Dra. Lys, em sua trajetória de vida, escreveu cerca de 50 artigos para revistas nacionais e internacionais, mais de 120 trabalhos em congressos, oito livros, dentre os quais os clássicos "Saúde Mental no Trabalho, isso é trabalho de gente?" e "De que adoecem e morrem os trabalhadores? ".
Lys Esther Rocha fará muita falta na área de Medicina do Trabalho, mas, com certeza, os seus seguidores e seguidoras darão continuidade, e ela estará sempre conosco vivendo, um pouco, em cada um deles.
Parafraseando um de seus alunos: "Ela ensinava muito, não só pelo que dizia, mas, sobretudo, pelo que fazia. Sua coragem, firmeza, liderança e coerência falavam mais alto do que qualquer um de seus discursos, conquanto todos fossem densos de muito conhecimento".
Lys – homônimo de Lis, uma bela flor que simboliza poder, soberania, honra e lealdade, assim como pureza de corpo e alma.
Missa de sétimo dia
A missa de sétimo dia de será celebrada no próximo sábado, 19, às 16h, na Paróquia Santo Inácio de Loyola, localizada na rua França Pinto, 115 – Vila Mariana, São Paulo/SP.
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