A Campanha Salarial dos trabalhadores de TI caminha para a quinta rodada de negociação sem significativos avanços nas propostas apresentadas pelo sindicato patronal. Na reunião desta quinta-feira, 29, os empresários ofereceram reajuste de 8% com abono salarial de 1,6% (sobre o salário anual), a ser pago em setembro. Durante a quarta mesa, a comissão dos empresários permaneceu intransigente sobre a condição de parcelamento (janeiro e julho), sob o argumento de que as empesas do setor estão com dificuldades em seus fundos de caixa, em razão do atual cenário econômico. A alegação, no entanto, vai de encontro ao estudo divulgado pela IDC (International Data Corporation) que, em coletiva de imprensa realizada hoje, apontou que o setor de Tecnologia da Informação deve avançar 2,6% em 2016. No ano anterior, o segmento registrou crescimento de 5%, de acordo com a mesma consultoria.
"Neste momento estamos com uma estabilidade de emprego, não estamos aumentando e o salário está mantendo o nível. É essa a preocupação que as empresas estão trazendo e colocando na mesa de discussão: para continuarmos a manter o emprego e o crescimento, suportável tanto para as empresas quanto para os empregados", destacou o presidente do Seprosp, em alusão a uma possível queda de rendimento do setor.
A comissão de negociação do Sindpd recusou, mais uma vez, a proposta. De acordo com o presidente do Sindpd, Antonio Neto, o pessimismo do empresariado não encontra sustentação nos dados. "Ainda que o percentual de crescimento tenha sido um pouco menor do que nos outros anos, o segmento dá claros sinais de estabilidade mesmo neste momento de maior retração da economia. Outro ponto que precisa ficar claro é que esta negociação busca repor as perdas salariais de 2015, a categoria teve seu salário corroído e precisa ser reparado, afinal o lucro do setor é oriundo desta força de trabalho", afirmou.
Para Neto, qualquer processo de negociação sério tem por base a reposição das perdas inflacionárias, a partir das quais se pode avançar no diálogo para se chegar a ganhos reais para a categoria. "Sem repor a inflação, a gente não caminha. O trabalhador também está arcando com as intempéries do mercado, aliás, é sempre a classe trabalhadora que mais paga nessas horas. Não se pode aceitar continuar uma negociação sem patamares minimamente aceitáveis, pois isto, além de comprometer os ganhos da categoria, representaria a abertura de um precedente inaceitável", ressaltou o presidente.
A comissão de negociação do Sindpd só irá considerar novas propostas se o sindicato dos empresários apresentar índice condizente com a inflação do período. Durante a mesa, o presidente do Sindicato lembrou como as mobilizações da categoria, nos anos de 2011 e 2014, foram capazes de garantir, na Justiça, as reivindicações que o empresariado indeferiu. "O Sindpd está disposto a entrar em acordo, mas deste jeito não é possível. Nossa trajetória com o Seprosp nos faz buscar o diálogo sempre como a primeira alternativa. Mas, se for necessário, não hesitaremos em ampliar nossas possibilidades de atuação para garantir os direitos da categoria, ainda que dentre estas esteja o Tribunal", finalizou.
A quinta rodada de negociação está prevista para acontecer na quarta-feira (03/02), às 14h. Até lá, o presidente do Seprosp indicou que realizará nova assembleia com os empresários para discutir possíveis avanços na proposta.
Veja o resumo das propostas apresentadas na 4ª rodada de negociação:
Proposta do Seprosp
- Reajuste salarial de 8%, parcelado em duas vezes (janeiro e julho), com abono salarial de 1,6% (sobre o salário anual), a ser pago em setembro.
- Vale-refeição (VR) de R$16,50 para profissionais alocados na capital, e de R$ 15,70, para os das demais regiões;
Reivindicação do Sindpd
- Reajuste salarial de 11,28%;
- Vale-refeição (VR) de R$20 e R$ 15 à categoria, considerando jornadas de oito e seis horas diárias, respectivamente;
- Multa em caso de descumprimento do prazo (120 dias) para apresentação da proposta de PLR;
- Assistência Médica sem ônus para os profissionais;
- Licença maternidade de 180 dias;
- Auxílio-alimentação no valor fixo de R$90 reais:
- Reembolso de 50% do valor da mensalidade ao empregado que estiver fazendo curso que vá ao encontro dos interesses da empresa;
- Dia livre em 19 de outubro (dia do Profissional de TI);
- Vale-Cultura;
- E adicional de 3% do salário mensal do empregado, para cada cinco anos trabalhados, a título de quinquênio.
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