A Tesla, empresa automotiva e de armazenamento de energia presidida por Elon Musk, está passando por uma de suas maiores crises financeiras. As vendas da empresa caíram para o nível mais baixo dos últimos três anos, com entregas de veículos despencando 13% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. No total, a fabricante de carros elétricos entregou pouco mais de 337 mil unidades, o que gerou uma reação imediata no mercado financeiro.
Após a divulgação dos números, as ações da Tesla caíram drasticamente no início do pregão de quarta-feira (2), refletindo a crescente desconfiança de investidores e analistas. A queda nas vendas tem sido explicada pela empresa pela transição para uma nova versão de seu modelo mais popular, mas muitos especialistas acreditam que o impacto da concorrência e o ativismo político de Musk têm contribuído para o enfraquecimento da marca.
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A crescente concorrência, especialmente da chinesa BYD, coloca a Tesla em uma posição vulnerável. Além da rivalidade no mercado, a atuação política de Musk também tem gerado controvérsias e afetado a percepção pública da empresa. O bilionário, que atualmente lidera uma iniciativa no governo de Donald Trump para reduzir gastos públicos, tem sido alvo de protestos e boicotes, o que, segundo analistas, prejudica a imagem da Tesla.
“Esses números são péssimos”, declarou Ross Gerber, investidor da Tesla, que já foi um grande defensor do CEO, mas recentemente pediu sua remoção do cargo. “A Tesla está em colapso e pode ser que não se recupere”, acrescentou.
As ações da Tesla perderam mais de um quarto de seu valor desde o início do ano, e a empresa não esconde o impacto dessa queda nas finanças. De acordo com Dan Ives, analista da Wedbush, a situação é preocupante: ” “Não vamos olhar para esses números com falso otimismo… Eles representam um desastre. Quanto maior o envolvimento político [de Musk] com a Doge, mais a marca sofre. Não há discussão sobre isso”, cravou.
Em meio à crise, a Tesla anunciou que seus resultados financeiros detalhados serão divulgados no dia 22 de abril, o que poderá fornecer mais clareza sobre o futuro da empresa. A montadora também destacou que, devido a uma série de fatores, como preços médios de venda e custos operacionais, os números atuais não refletem de forma total o desempenho da companhia.
Além das quedas nas vendas e no valor das ações, a Tesla tem enfrentado uma onda de protestos contra o seu CEO. Concessionárias da empresa nos Estados Unidos e na Europa têm sido alvo de manifestações, e até mesmo veículos da marca foram vandalizados. Em resposta, o governo de Trump chegou a afirmar que consideraria as ações contra a montadora como “terrorismo doméstico”, uma tentativa de proteger a imagem da empresa em um momento de crescente animosidade.
Do lado financeiro, a situação é igualmente delicada. A Federação Americana de Professores, por meio de sua presidente Randi Weingarten, alertou os fundos de pensão públicos sobre o impacto da queda nas ações da Tesla, questionando os gestores financeiros sobre como estão lidando com os prejuízos causados pela desvalorização da montadora.
A Controladoria da cidade de Nova York também está considerando ações legais contra a empresa, após uma perda de mais de US$ 300 milhões em fundos de pensão, um resultado direto da desvalorização das ações.
(Com informações de BBC Brasil)
(Foto: Freepik/Reprodução)