A rede global de cafeterias Starbucks está novamente no centro de um escândalo envolvendo exploração de trabalho escravo em plantações de café no Brasil. O escritório de advocacia International Rights Advocates moveu um processo contra a empresa, alegando que ela estaria envolvida em casos de tráfico de pessoas em propriedades fornecedoras de grãos. As informações são da RT Brasil.
De acordo com a denúncia, trabalhadores foram resgatados em condições análogas à escravidão em fazendas que abastecem a Starbucks. Entre 2023 e 2024, pelo menos oito casos foram documentados e serão apresentados em tribunal.
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O fato mais grave é que algumas dessas propriedades operavam com o selo “C.A.F.E. Practices” (Coffee and Farmer Equity), certificação da própria Starbucks que deveria garantir condições éticas na produção.
Histórico de denúncias
Esta não é a primeira vez que a empresa é alvo de acusações do tipo. Uma investigação da Repórter Brasil já havia revelado que, anteriormente, pelo menos duas fazendas fornecedoras da Starbucks foram flagradas com práticas trabalhistas abusivas, mesmo possuindo a mesma certificação.
André Campos, investigador da ONG, explicou que as inspeções nas propriedades ocorrem mais de uma vez por ano, o que deveria facilitar a identificação de irregularidades. No entanto, ele destacou a discrepância entre o que é prometido e a realidade enfrentada pelos trabalhadores:
“O trabalhador vem para a colheita ouvindo promessas dos intermediários que recrutam mão de obra nos municípios de origem, dizendo que as condições serão boas, que haverá alojamento decente e limpo, que o salário será adequado e, ao chegar aqui, a realidade é totalmente diferente”, afirmou.
O país reconheceu oficialmente a existência de trabalho escravo contemporâneo há mais de 30 anos perante a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O problema persiste principalmente em setores como a agricultura, onde a vulnerabilidade social e econômica facilita a exploração.
O Brasil é o maior exportador de café do mundo, com produção anual superior a 3,252 milhões de toneladas. Seus principais compradores são Estados Unidos, Alemanha e Bélgica. A Starbucks, por sua vez, consome cerca de 3% do café produzido globalmente, posicionando-se como uma das maiores compradoras do grão.
(Com informações de Brasil 247)
(Foto: Reprodução/Freepik)