Levantamento aponta que os congestionamentos na cidade de São Paulo aumentaram 8% entre janeiro e abril de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. E o pior dia para enfrentar o caos nas ruas? Quinta-feira, com média de 378 km de lentidão nos dias úteis, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Apesar da piora recente, os números ainda estão 28% abaixo dos registrados em 2019, ano anterior à pandemia da Covid-19. Os dados, coletados pela TV Globo com base em informações da CET, revelam que a média de engarrafamento no início de 2025 foi de 359 km por dia útil, ante 328 km em 2024. Em 2019, essa média era de 499 km.
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Por que a quinta-feira é o dia mais crítico?
Especialistas apontam que o ápice de congestionamentos às quintas-feiras está relacionado à dinâmica da semana paulistana. “O meio da semana concentra o retorno massivo ao trabalho presencial, com menor adesão ao teletrabalho nesses dias. Além disso, há uma acumulação de deslocamentos para compromissos profissionais e pessoais, somada à redução da paciência dos motoristas à medida que a semana avança”, explica Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em transportes pela USP.
Abril de 2025 foi o mês com a maior média de lentidão: 420 km por dia útil. O pior dia do ano até agora ocorreu justamente em uma quinta-feira, 17 de abril, às 19h, quando a capital registrou 1.289 km de engarrafamento no início do feriado prolongado.
Média de congestionamento por dia da semana (2025):
- Quinta-feira: 378 km
- Terça-feira: 371 km
- Sexta-feira: 366 km
- Quarta-feira: 365 km
- Segunda-feira: 293 km
Razões para o aumento
Além do retorno das empresas ao trabalho presencial e da migração do transporte público para o individual, outros fatores agravam o cenário. “Uma diferença de 8% é muito intensa. Isso se explica em parte pelo retorno das empresas ao trabalho presencial em maior intensidade e à fuga do transporte público coletivo. Se aumenta o número de veículos nas ruas, aumenta o congestionamento”, diz Ejzenberg.
O número de acidentes também cresceu: de janeiro a março de 2025, foram 6.518 ocorrências, superando levemente as 6.506 do mesmo período em 2019. “Uma avenida com três faixas, por exemplo, perde 30% de sua capacidade se uma faixa é interrompida por um acidente”, destaca Luiz Vicente Figueira de Mello, professor de Engenharia de Transportes da Unicamp.
Frota mais velha e manutenção precária
O envelhecimento da frota de veículos — que passou de uma média de 9 anos e 9 meses em 2019 para 12 anos em 2024 — também contribui para o problema. “Veículos de 21 anos circulam sem manutenção adequada. A redução de quebras melhoraria a fluidez”, alerta Mello.
Vias mais críticas em 2025:
- Marginal Tietê
- Marginal Pinheiros
- Avenida Rebouças
- Estrada do M’Boi Mirim
- Estrada de Itapecerica
A CET atribui o cenário a uma combinação de fatores, incluindo condições climáticas adversas em janeiro, aumento da frota e redução do teletrabalho. Enquanto São Paulo busca soluções, a quinta-feira segue como o dia em que o paulistano precisa de mais paciência — e tempo — para chegar ao destino.
(Com informações de G1)
(Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)