Saúde Mental – O experimento, divulgado na revista PNAS Nexus, contou com 467 indivíduos e sugere que o vício em dispositivos digitais pode prejudicar a mente de maneira mais intensa do que se supunha.
Os voluntários, com média de 32 anos, foram separados em dois grupos: um ficou sem navegar pelo celular por 14 dias e o outro passou pela mesma restrição nas duas semanas posteriores. Chamadas e SMS permaneceram ativos, e o acesso à web por computador foi permitido. Um aplicativo nos iPhones impedia o uso, monitorando tentativas de burlar o bloqueio.
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De acordo com os resultados, 91% dos participantes tiveram progresso em pelo menos um dos três critérios analisados – saúde mental, atenção e satisfação pessoal –, enquanto aproximadamente 75% relataram melhoras expressivas no equilíbrio emocional. O ganho em foco foi tão relevante que compensou a queda cognitiva associada ao envelhecimento em uma década.
Adrian Ward, professor da Universidade do Texas e coautor da pesquisa, ressaltou que, apesar da tecnologia ter revolucionado hábitos nos últimos 15 anos, a psicologia humana fundamental não evoluiu na mesma velocidade. “As evidências mostram que não fomos feitos para estar permanentemente ligados a todos os estímulos digitais”, explicou.
O trabalho ainda revelou que a abstinência de internet surtiu efeitos mais fortes contra sintomas depressivos do que antidepressivos, aproximando-se da eficácia da terapia cognitivo-comportamental – embora os cientistas alertem que o método não substitui tratamentos convencionais.
Ward acrescentou que a pausa digital incentivou os voluntários a priorizarem atividades reais gratificantes, como passatempos, interações pessoais e momentos ao ar livre. “Eles também mencionaram sono mais reparador, maior senso de comunidade e autonomia em suas escolhas,” concluiu.
(Com informações de Exame)
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