O bilionário Ricardo Faria, controlador da multinacional Global Eggs, responsável por produzir 13 bilhões de ovos por ano, foi amplamente criticado após declarar em entrevista à Folha de S. Paulo que contratar trabalhadores é um “desastre” porque “as pessoas estão viciadas no Bolsa Família”.
A fala gerou forte repercussão, especialmente porque, para alcançar a remuneração máxima do programa, de R$ 1.400, seria necessário que a família tivesse dez integrantes com renda de até R$ 218 por pessoa. Na prática, o valor médio pago por beneficiário gira em torno de R$ 666.
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“Se [alguém de] uma família com R$ 1.000 do Bolsa Família opta por não aceitar um emprego, a pergunta correta não é o que há de errado com o programa social, mas sim com o tipo de vaga que está sendo oferecida”, afirmou o economista Eduardo Moreira durante o ICL Notícias – 1ª Edição, na segunda-feira (16).
Pouco depois, vieram a público informações sobre os salários e condições de trabalho nas empresas comandadas por Faria. Na Granja Faria, por exemplo, um operador de produção recebe R$ 1.670,00 mensais para tarefas como manejo de aves, coleta de ovos e limpeza do local. A vaga exige experiência na área e disponibilidade para morar na granja.
A revelação gerou nova onda de críticas nas redes sociais. “O salário, além de miserável, é inferior à média nacional para a mesma função, uma média que já é absurdamente baixa”, comentou o influenciador Felipe Neto.
“Ele quer que a pessoa abandone a própria família, vá viver numa granja e passe o dia todo coletando ovo e manuseando galinhas para receber 1.600 reais (que ainda terá descontos). Esse cara é bilionário. Se ele reduzisse em alguns milhões a sua distribuição de lucro anual, poderia aumentar consideravelmente o salário de todas essas pessoas”, criticou.
Além dos baixos salários, o empresário também é alvo de diversas ações trabalhistas. De acordo com O Globo, em 2023 o Ministério Público do Trabalho do Piauí abriu um inquérito para apurar denúncias de irregularidades nos contratos de trabalho, ausência de pagamento de salários e benefícios.
No Tribunal Regional do Trabalho do estado, há pelo menos 17 processos contra as empresas de Faria. As ações mencionam irregularidades como não pagamento de horas extras, verbas rescisórias, benefícios e indenizações. Um dos processos, iniciado em 2022, inclui pedido de indenização por danos morais e assédio moral.
Faria também responde a processos trabalhistas em outros estados, como Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, Paraná e Maranhão.
Em 2024, Ricardo Faria estreou na lista da Forbes entre os bilionários brasileiros, ocupando a 21ª posição, com um patrimônio estimado em R$ 17,45 bilhões.
(Com informações de ICL Notícias)
(Foto: Reprodução/Freepik)
