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04 de Março de 2024
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CEO promove festival de horrores em reunião com trabalhadores da CI&T
Ameaças, práticas antissindicais e confissões marcam reunião: 'Temos que tornar o ambiente insuportável para essas pessoas para elas saírem'



O Sindpd teve acesso, após uma série de denúncias, ao vídeo da reunião do CEO da CI&T, Cesar Gon, com os trabalhadores da empresa, que ocorreu na última sexta-feira, para tentar explicar o inexplicável corte de 90% no PLR. A reunião é um festival de horrores com ameaças, práticas antissindicais e confissões sobre o processo de mudança na PLR que culminou em prejuízo e frustração para os trabalhadores da gigante de tecnologia.

A reunião foi motivada após o Sindpd, que é alijado da negociação de PLR desde 2021, denunciar que a empresa alterou os critérios de aferição do pagamento do PLR e causou uma redução drástica do PLR pago aos trabalhadores, passando de 52% do salário para meros 3%. Uma redução superior a 90%.

"Nossa visão, estamos à disposição, temos todas as evidências, os caras [sindicato] vão fazer barulho pelas razões deles. São as táticas 'dos fins justificam os meios'. E assim tem um ponto desse assunto. Bicho, se vocês não acreditam no que eu tô falando, nada mais vai funcionar, na boa, SUA VIDA NA CI&T VAI SER UM INFERNO, porque a gente vai fazer um monte de coisa muito rápido e a gente precisa de um ambiente de trust. Então vai ficar insuportável, afirmou Cesar Gon, após ser questionado por um trabalhador o motivo de sindicato não intermediar a negociação.

Além da ameaça, fica nítida a prática antissindical neste e em outros momentos, como quando um trabalhador questiona como a empresa e o sindicato podem atuar para melhorar a comunicação e a relação dos trabalhadores com a empresa:

"Se a gente precisar do Sindicato pra saber como vocês se sentem, fudeu, né gente?! FUDEU! Não vamos ganhar o jogo mundial com intermediário. Vocês precisam conversar dentro da CI&T, com os líderes da CI&T e comigo. Esse é meu plano. O Sindicato tá lá... tem a buraca lá, tem a comissão, mas na boa, bicho. Esse não é meu jogo. Vocês não são trabalhadores. Vocês são parte do time (...) Nós somos uma empresa que quer ganhar o jogo junto. E na boa, vocês precisam conseguir esse ambiente de segurança dentro da CI&T. Isso que a gente precisa arrumar. (...) Tem o protocolo lá, monta-se a comissão, elege-se a comissão, mas não é o jogo. Pelo amor de Deus, SE DEPENDER DO SINDICATO TAMO MORTO, como 99% das empresas de Tecnologia no Brasil. Por que só tem a CI&T Global?! Porque não é esse o jogo. O jogo é outro. E a gente vai ganhar esse jogo, mas não é precisando de intermediário na comunicação de quem tá aqui. (...) Esse jogo a gente não vai jogar"

Na fala, além de confirmar o assédio antissindical, demonstra que o CEO da empresa desconhece a função do Sindicato perante a Constituição Federal e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão das Organizações das Nações Unidas.

Segundo a Constituição Federal Brasileira, os sindicatos desempenham um papel essencial na defesa dos direitos trabalhistas, representando coletiva e individualmente os trabalhadores perante empregadores, governos e outros órgãos públicos. Suas funções incluem negociar condições de trabalho, salários e benefícios, organizar e mobilizar os trabalhadores em torno de questões de interesse comum, além de oferecer programas de educação e formação profissional. Os sindicatos visam garantir condições de trabalho justas e dignas, contribuindo para a promoção do bem-estar e da proteção dos direitos dos trabalhadores.

Já para a OIT, a função dos sindicatos é promover e defender os interesses econômicos e sociais dos trabalhadores. Isso inclui negociar condições de trabalho justas, salários adequados, segurança no emprego, proteção social e melhores padrões de vida. Além disso, os sindicatos desempenham um papel importante na promoção da liberdade sindical, na participação dos trabalhadores na tomada de decisões que afetam suas vidas e no combate à discriminação no local de trabalho. A OIT reconhece os sindicatos como parceiros essenciais na busca por um trabalho decente e na construção de sociedades mais justas e equitativas.

Estas legislações, minimamente humanizantes, servem para proteger os trabalhadores de assédios e ameaças como as ocorridas na reunião da CI&T.

"Nós precisamos de sangue"

Em outro momento, Cesar Gon tenta jogar os trabalhadores contra o Sindpd com inverdades, usando da oposição à contribuição assistencial para legitimar as práticas antissindicais da empresa:

"A CI&T é do caralho. De verdade. Quem tá aqui a mais tempo sabe que essa não é uma empresa 'at another a company". Tanto é que o sindicato esqueceu da gente. Ele não vem. Ele é convidado e não vem. Porque ele fala 'a empresa é redonda, os caras tão feliz lá, manda cartinha, então não é pra nós. Nós precisamos de sanque. Local onde nego tá puto. Nem vem, nem gasta tempo com a gente."

O Presidente do Sindpd, Antonio Neto, lamentou o posicionamento da empresa: "O Sindpd tem quase 40 anos de história. Sempre fomos parceiros do setor. Estivemos juntos em lutas importantes como a desoneração da folha e medidas de fomento ao emprego formal. O Sindpd não quer 'sangue', exige respeito à negociação coletiva, aos trabalhadores e um ambiente laboral sem assédio antissindical. A fala do CEO da CI&T é desrespeitosa. O Sindpd sempre se pautou pela negociação saudável. Vamos ouvir os trabalhadores na Plenária dessa quarta-feira para depois convocar a empresa para uma mesa de negociação. Esperemos que a empresa não promova mais uma ação violenta como essa para impedir a participação dos trabalhadores."

Durante a live, o gestor afirmou que a empresa convidou o Sindpd para participar da suposta comissão de negociação da PLR, mas ao mesmo tempo confessa que a formação da comissão é "buraca" (burocracia) e "protocolo".

"E como é que a gente aprovou isso? Essa discussão começa lá no final de 22 (2022), a gente já tava doendo ali o modelo. Eu proponho. A gente fecha com todos os partners exatamente calibra o modelo em março. E ai entra na "buraca" toda de aprovação da CI&T. Comitê de pessoas, boarding, entra na comissão... deve ser comissão de PLR, né?! E essa buraca toda sai a aprovação em 03 de agosto de 2023, uma bosta já que o ano já foi."

Importante salientar que os trabalhadores negam a realização do processo eleitoral em 2023 para a formação da comissão.

"Como já foi dito anteriormente, o Sindpd não participa de processos onde o trabalhador é coadjuvante. Não somos cartório e nem storage para arquivar programas de PLR ou apenas validar e dar segurança jurídica em negociações que não atendam aos interesses dos trabalhadores. A nossa Convenção define que a negociação deve ser entre empresa e sindicato, o que não ocorreu", destacou Neto.

Durante o vídeo, o CEO admite que a mudança no modelo de PLR foi estabelecida por ele mesmo e durante o ano, ou seja, enquanto a empresa já sabia dos resultados e dos impactos na PLR paga aos trabalhadores. O famoso "mudar a regra com a bola rolando".

Também é confessado pelo empresário a falta de clareza nas mudanças e a frustração causada pela falta de transparência da empresa.

"Por que a gente entrou nesta tempestade? Comunicação. Puta cagada, né?. Tem umas palavras bonitas. Comunicação inefetiva do novo modelo, faltou claridade, faltou clareza sobre o que podia ser melhor, quais eram os upsides e os downside"

"Nenhuma parcial de resultados. Tudo bem, aprovou em agosto, mas poderia setembro... Já ia dar a fita de que tamo correndo pro abismo. Já ia ?setar? a expectativa pelo menos. Transparência... Faltou... Em dezembro, alguns cenários a gente zeraria. O que talvez fosse melhor, né? do que pagar a porra dos 3%. E depois, a comunicação. Ai o grand finale da nossa trajetória de Masters of Communication (ironia). A comunicação procedural que saiu terça ou segunda. (...) Falta total de empatia.de entender o que significa pra muita gente que esperava esse dinheiro, que depende desse dinheiro e... tinha uma expectativa setada pelo histórico. Não sabia, não entendeu que o modelo tinha mudado. E ai foi pego de surpresa e reagiu com frustração."

No fim, o CEO faz nova ameaça para os trabalhadores, logo após insinuar mudanças no regime de trabalho, atualmente em homeoffice.

"É bom pra todo mundo? Não! Talvez tenha gente que até ache legal essa empresa meio desconectada. Assim 'i don't care', 'não cuidam de mim, eu também não cuido da CI&T, foda-se'. Ótimo, temos que tornar o ambiente insuportável para essas pessoas para eles saírem. Não quero quem não se importe com a CI&T, mas também não quero a CI&T não se importando com quem tá aqui. Esse é o jogo que eu sei jogar"

Por isso, convocamos todos os trabalhadores a participar da plenária de mobilização, onde todos poderão tirar suas dúvidas e entender os próximos passos que serão tomados na luta pelo PLR.

Detalhes da Plenária:

? Data: 06 de março de 2024
? Horário: 18 horas
? Plataforma: Evento ao vivo no Microsoft Teams (para proteger o anonimato dos trabalhadores)

Como Participar:

? Todos os trabalhadores da CI&T de São Paulo e Paraná interessados em lutar pelos seus direitos estão convidados a participar.
? Para se inscrever, acesse o link: Inscrições.


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