Um estudo realizado pela OIT – Organização Mundial do Trabalho – mostrou que os trabalhadores do setor privado com carteira assinada (33,2% dos empregados no país) serão diretamente atingidos pela eventual redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. Deste grupo, 58,6% ainda trabalham mais de 40 horas semanais, portanto, a redução da jornada afetaria diretamente 18,7 milhões de trabalhadores brasileiros.
Os dados foram revelados no livro Duração do trabalho em todo o mundo: Tendências de jornadas de trabalho, legislação e políticas numa perspectiva global comparada, cuja tradução em português foi lançada pela OIT em debate realizado na última quinta-feira (25 de março), na Universidade de Brasília.
Segundo informações da pesquisa, a média da jornada de trabalho dos brasileiros é de 40,8 horas semanais. Tal número está abaixo do limite fixado por lei (44 horas), no entanto, 33,7% dos empregados do país ainda trabalham mais de 44 horas por semana, enquanto 19,1% têm carga horária de mais de 48 horas semanais. Os dados são de 2008.
O estudo também informou que, hoje, 22% da população empregada do mundo trabalha mais de 48 horas semanais. Segundo Jon Messenger, um dos responsáveis pela pesquisa, uma jornada como esta causa sérios problemas para os trabalhadores: “Em alguns casos, começamos a ver problemas com a saúde dos trabalhadores e também com a segurança deles”, afirmou.
A carga excessiva atinge mais homens que mulheres: 24,7% das mulheres e 40,5% dos homens trabalham mais de 44 horas semanais. A média de horas trabalhada por semana pelos homens é de 44 horas, enquanto das mulheres, 36,4 horas. Porém o estudo também mostrou que as mulheres sofrem com a dupla jornada de trabalho: 87,9% das mulheres também realizam afazeres domésticos, enquanto somente 46,7 dos homens cumprem tais tarefas.
Os trabalhadores que mais sofrem com as extensas jornadas de trabalho são os empregados dos setores de comércio, hotelaria e comunicação.
Segundo a OIT, “a jornada de trabalho é uma dimensão importante na qualidade de emprego, tendo repercussões importantes na segurança e saúde do trabalhador, na combinação entre a vida pessoal e familiar e também na organização do trabalho dentro da empresa.” Para a organização, “os acordos de tempo de trabalho decente devem satisfazer cinco critérios inter-relacionados: favorecer a saúde e a segurança no trabalho, ser compatíveis com a vida familiar, promover a igualdade de gênero, reforçar a produtividade, e facilitar a escolha e influência do trabalhador no seu total de horas de trabalho.”
Fonte: OIT e Correio do Brasil
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