Como fica o seu bolso em 2014
A desaceleração do crescimento da economia brasileira acendeu o sinal vermelho para as empresas, que estão mais cautelosas na hora de fazer propostas salariais. Nesse cenário, os profissionais também precisam pensar duas vezes antes de considerarem trocar de emprego ou pedir um aumento. De acordo com pesquisa feita pela empresa de recrutamento especializado Robert Half, os setores de tecnologia e de engenharia terão os maiores aumentos na média para o próximo ano. O de marketing e vendas, por outro lado, registrará uma pequena perda salarial. A expectativa para 2014 é de que as contratações sejam moderadas e os profissionais qualificados para atender demandas específicas do mercado têm mais chances de garantir a vaga.O gerente-sênior da Divisão do Mercado Financeiro da Robert Half, Fabio Saad, explica que o próximo ano deveria ser de expansão, mas, como o crescimento da economia se manteve estável, as empresas estão mais exigentes com relação à contratação e não devem investir muito na expansão do quadro. Mesmo assim, não podem deixar de valorizar os talentos. "É importante sempre elas olharem quem são os melhores profissionais e avaliarem se precisam dar um aumento ou retê-los de outra forma. A pior coisa é a pessoa estar motivada e sair por causa de salário", destaca o especialista. Para os trabalhadores, a dica é usar o guia salarial com o um termômetro do setor em que atuam. Se ele está passando por uma fase ruim, provavelmente não é um bom momento para trocar de companhia, pois não haverá muitas oportunidades disponíveis.
Antonio Neto, presidente Federação Interestadual dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação (Feittinf), acredita que, assim como em 2013, o setor deve oferecer aumento acima da inflação também no próximo ano. Vários fatores ajudam a manter o setor aquecido, como as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), os grandes eventos esportivos que o país sediará e até mesmo a exploração do pré-sal. Sobre a reclamação constante dos empresários de que falta mão de obra qualificada, Neto afirma que a solução é oferecer salários melhores, um bom pacote de benefícios e investir em capacitação dentro das organizações, uma vez que há um grande descompasso entre o que é cobrado pelo mercado e o que as universidades ensinam. Além disso, é difícil para o profissional recém-formado arcar com os custos de cursos de especialização. "As empresas investem muito pouco na formação, quem faz o grande investimento é o trabalhador", diz.
Para o analista de sistemas Renato David, 29 anos, os benefícios além da remuneração são essenciais. "O salário é importante, mas, se você tem um ambiente bom de trabalho, vale mais a pena", relata. Renato está confiante no aquecimento do setor para o próximo ano e se prepara para garantir o bom desenvolvimento da carreira. O foco no cliente e nos resultados, e a estabilidade em empregos anteriores, duas das características que as empresas do setor mais valorizam, de acordo com o estudo, são pontos que o analista também preza ? ele trabalha há dois anos na Vert Soluções em TIC e ficou quatro anos na empresa anterior. "É preciso ver a necessidade do cliente e apresentar a melhor solução para ele agora e no futuro", detalha.
Outro lado
Quanto ao setor de engenharia, Izidio Santos, diretor de Políticas e Relações Trabalhistas do Sindicato da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), discorda do quadro geral mostrado pela pesquisa e afirma que, em Brasília, a situação é bem diferente. Ele acredita que o aumento salarial deve apenas corrigir a inflação. A fase de aquecimento da construção civil, segundo Santos, já passou, pois as principais obras para a Copa do Mundo estão em fase de conclusão e os engenheiros que começam a ser dispensados encontram dificuldade para se recolocar no mercado. Não vão faltar oportunidades, no entanto, para os profissionais qualificados. "Nós temos mão de obra disponível, mas ela não está qualificada", afirma o diretor. "O mercado, hoje, é muito seletivo, não vai contratar qualquer engenheiro, está atrás de um que seja especialista", completa.
Dados divulgados na última semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), porém, mostram cenário um pouco mais favorável aos funcionários de ciências tecnológicas, engenharias e matemática da capital. De acordo com o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Paulo Augusto Meyer, a proporção de profissionais dessas áreas no Distrito Federal é maior do que a média nacional, e a oferta de emprego tem aumentado. "Entre as regiões metropolitanas, o DF apresentou sinais de aquecimento e é relativamente movimentado para essas profissões", afirma. O levantamento ? baseado nos Censos de 2000 e 2010 ? também mostrou que esses trabalhadores apresentam a maior taxa de ocupação do mercado de trabalho, além de aparecerem com mais frequência como empreendedores no país.
Sem alarde
Outra pesquisa divulgada este ano mostra por que os profissionais devem ser cautelosos na hora de mudar de emprego ou de negociar um aumento. De acordo com o Guia Salarial 2013 da Hays, empresa especializada em recrutar profissionais de média e alta gerência, quase 78% dos 7,5 mil funcionários entrevistados disseram estar atentos às possibilidades de mudar de emprego. Apesar disso, 51,3% não o fizeram porque a proposta que receberam não estava condizente com as aspirações. "As expectativas dos candidatos estão muito mais elevadas do que aquilo que o mercado pode oferecer", observa Juliano Ballarotti, diretor na Hays. O especialista lembra que, independentemente da economia, a troca de emprego sempre envolve riscos. "O candidato tem de saber se o nível de remuneração está compatível com as responsabilidades dele e com o que ele pode entregar", explica. Se avaliar que tem dado o retorno esperado, aí sim o funcionário pode tentar uma negociação. "Se ele trabalha em uma empresa que está praticando uma política salarial que não condiz com o mercado, tem o direito de procurar o RH para negociar.
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Fonte: Correio Braziliense
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