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13 de Outubro de 2016
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Denise Quaresma: "Inexiste uma preocupação com a saúde mental do trabalhador de TI"
Palestrante afirmou que regulamentação pode combater problemas de saúde



Finalizando a manhã de palestras do Seminário de Regulamentação da Profissão de TI com cerca 3.500 acessos da transmissão online feita pelo Sindpd em parceria com o portal Convergência Digital, a professora, psicóloga e pesquisadora Denise Quaresma apresentou informações de pesquisas realizadas no período de 2004 a 2014 sobre o estresse em TI. Por ser uma área muito nova, a invisibilidade e a dimensão do estresse dentro da área de tecnologia da informação são latentes.

Normalmente, um ambiente de trabalho ameaçador prejudica a relação de trabalho e está diretamente envolvido com algum nível de estresse. Além disso, por ser uma profissão que gera bons salários, o resultado acaba em trabalhadores que deixam a saúde em segundo plano. Para a psicóloga, este é um bom motivo para incentivar e apoiar a regulamentação da profissão. "Temos que regularizar essas questões em nível político. Por isso digo que urge a regulamentação da profissão para reconhecimento dos trabalhadores e da categoria", declarou.

Para gerar novos comportamentos, as empresas precisam tomar atitudes que façam com que o trabalhador conheça seus níveis de estresse. "Vamos começar a orientar os trabalhadores de TI, elaborar um software onde a pessoa aprenda autorrelaxamento", disse Quaresma.

A fim de tornar os benefícios efetivos, a professora lembrou que as empresas devem se atentar especialmente aos trabalhadores que ocupam cargos de liderança. "Vemos pessoas que não são líderes; são chefes. Vemos líderes perversos e que lidam com poder. São pessoas que não estão ali por conta do salário; o que as move é o poder. Elas são potencializadoras natas do estresse na equipe. É nocivo ao extremo. Um líder deve ser, sobretudo, agregador. Ver as potencialidades do grupo e potencializar as condições da equipe, afinal cada um tem uma expertise".

Uma questão de saúde

Segundo a pesquisadora, o tema é importante porque as indústrias de informação e educação geram milhões na economia. "No entanto, apenas a partir da década de 80 é que surgiu a profissão de ciência da computação. Infelizmente temos pouca informação científica sobre o tema, o que dificulta o olhar da ciência para esses profissionais e para essa área", lamentou.

As concepções de saúde dependem de questões sociais. A premissa é de que o lugar, a sociedade e o contexto onde estamos inseridos contribuem bastante nos reflexos da saúde. "A resiliência, capacidade interna que temos de conseguir lidar com situações, fatores culturais e fatores econômicos também completam a lista, além da questão da influência do trabalho na vida humana", explicou.

Para ela, o estresse faz parte do dia a dia, mas o acúmulo dele culmina no adoecimento. Denise Quaresma elencou de que forma o estado de estresse contribui para a maneira como cada pessoa se relaciona, tanto no trabalho como no âmbito familiar, nas dependências e nas codependências - na procura por uma válvula de escape; na influência na maternidade/paternidade; na sexualidade; e nas formas de adoecimento.

Em média, cerca de 60% a 90% de todas as consultas médicas estão ligadas a fatores psicológicos. Ou seja, o estresse compromete o desenvolvimento profissional e pessoal através de alertas corporais que muitos não percebem. "A raiva é um dos primeiros sintomas", explicou.

A pesquisa apontou que o esgotamento emocional e a intolerância, a irritabilidade dentro e fora do trabalho, a insônia (fator fundamental para a insanidade mental) e a ansiedade, que é outro fator predominante no estresse profissional, são as principais causas de adoecimento.

Fatores físicos também predominam entre os distúrbios causados pelo estresse: problemas de ordem muscular, dores de cabeça e nas costas, acidez no estômago, flatulência, diarreia, arritmia, sudorese, falta de ar e hipertensão arterial são alguns dos sintomas que o corpo sinaliza como atenção. "Além de AVCs, infartos, câncer - considerada uma doença psicossomática -, depressão e alergias são sofrimentos causados pelo estresse e repercutem economicamente e socialmente", relatou.

Estresse x políticas públicas

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o estresse está relacionado a 7 em cada 10 mortes no mundo e é considerado uma epidemia. Em todos os países do mundo o tema é muito relevante em políticas públicas e, para Quaresma, elas devem ser pensadas para todos os trabalhadores do Brasil. "É uma doença do século, que ocorre em virtude do somatório dos fatores extrínsecos e intrínsecos na vida dessa pessoa", disse.

O ambiente de trabalho se modificou e as tecnologias fazem com que haja rapidez na evolução. Uma descoberta abordada pela palestrante foi de que a área de TI é uma atividade complexa. Em suas pesquisas, ela disse ter descoberto que o profissional precisa de aprimoramento contínuo, o que exige muito do trabalhador. "A categoria de vocês fica limitada a ficar na frente de um computador, realizando uma atividade mais passiva", comentou.

Os trabalhadores de TI têm mais riscos que qualquer especialista de outra área. "Pesquisa realizada na Irlanda revela que 97% dos profissionais de TI consideravam seu trabalho estressante", contou. "Estou coletando dados em uma empresa em Porto Alegre para medir o nível de estresse, e a pesquisa fica pronta em dezembro. Serão os primeiros resultados de uma empresa brasileira publicados cientificamente", relatou a palestrante.

Na busca por resultados em tecnologia da informação, a pesquisadora descobriu  que 75% dos artigos relacionados a estresse profissional são direcionados à saúde; 15% para a educação; e 2% a transporte. "Os riscos do profissional de saúde são mais visuais, ao contrário do trabalhador de TI, cujos riscos são invisíveis", explicou.

Apesar dos esforços e de dez anos de pesquisa, de acordo com a pesquisadora, não foram encontrados artigos científicos na área de TI. "Inexiste uma preocupação com a saúde mental do trabalhador de TI. Há uma grande necessidade de pesquisa nessa área", disse. "São Paulo tem mais pesquisas sobre estresse, mas ainda não há pesquisas que envolvam os trabalhadores de TI".

A mulher no mercado de tecnologia

Pesquisa realizada em Cingapura apontou que o sexo feminino na área de TI se sente mais estressado por conta do número de demandas, da ambiguidade de papéis e a própria atividade. "Sabemos que as mulheres sofrem mais de estresse por conta da dupla jornada entre as responsabilidades de casa e do trabalho", argumentou.

E usou sua própria experiência como exemplo. "Eu trabalho sobre pressão o tempo todo: sou professora, psicóloga, tenho três filhos, dois cachorros, dois gatos, um pai de 86 anos, vivo sob pressão e lido com essa tensão. Tenho que ter estratégias para poder lidar com a minha vida. Eu aprendi isso. Tratamento ajuda muito, reflexão interna ajuda também. Primeiro devo saber quem eu sou, onde estou e aonde vou com minhas atitudes. Essas coisas vamos aprendendo com o tempo".

Para Quaresma, o ambiente de trabalho precisa ter um bom clima organizacional e ela se revelou a favor de que as mulheres sejam visibilizadas em todas as áreas. "Tenho argumentos para provar que as mulheres são diminuídas em muitos aspectos. Nosso país tem cursos mais voltados ao público masculino e todas as profissões envolvendo cuidado são femininas", identificou a palestrante.

No entanto, a pesquisadora lembrou que a mulher tem uma tendência de origem hormonal que, aliada à cobrança da sociedade, colabora com os altos níveis de estresse ligados ao sexo feminino.

Seja homem ou mulher, Denise Quaresma destacou a importância da estratégia de coping (ou enfrentamento) para lidar com as tensões do dia a dia. "Temos que pensar e desenvolver cotidianamente essas questões. Pessoa saudável é aquela que consegue buscar auxílio e reconhecer sua necessidade", ressaltou.

É por meio de cursos e oficinas que é possível aprender as estratégias de enfrentamento, para que as pessoas aprendam a lidar com situações invisíveis e a viverem bem melhor. "O grande lance é a gente conseguir achar o que dá sentido à vida da gente. O patrão que reconhece isso é um patrão que sempre terá funcionários mais produtivos", argumentou.

Clique aqui e veja a apresentação de Denise Quaresma 

Assista à palestra

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