Companheiros,
Após inúmeras tentativas e diante da postura intransigente e desrespeitosa dos representantes do patronato, a Comissão de Negociação do SINDPD decidiu, na última segunda-feira (8), suspender as negociações com o Seprosp, adotando uma nova estratégia de mobilização e atuação.
Não há dúvida de que os representantes do patronato não estão levando em consideração a participação expressiva dos trabalhadores em tecnologia da informação para o crescimento exponencial do setor e, até mesmo, estão com os olhos vendados diante da realidade existente no mercado de TI, onde muitas empresas já praticam, em acordos complementares assinados conosco, a maior parte das reivindicações que queremos perenizar para a categoria como um todo.
Como todos os companheiros estão cientes, nossas principais bandeiras para este ano concentram-se na redução da jornada para 40 horas semanais; na apresentação de uma proposta de PLR até o meio do ano; no vale refeição; plano médico; pagamento de horas extras para deslocamentos e na criação de novos pisos, sobretudo para analista e programador. Com relação ao índice, após diversas rodadas, chegamos ao patamar de 7,5% de aumento linear.
Nossa pauta não é nada extraordinária para um setor que obteve um faturamento de R$ 52,8 bilhões em 2009, número este que representa um aumento de 9,3% em comparação a 2008. Muito menos para as empresas que estão com a previsão de crescimento para 2010 na casa dos 9,2% (R$ 57,7 bilhões). Ou para as empresas exportadoras, que entre 2004 e 2007, obtiveram um crescimento 53,4% ao ano na receita liquida oriunda dos serviços de TI voltados para o mercado externo.
Mas, infelizmente, coerência não é uma qualidade que habita uma parcela de nossos patrões. Pelo contrário. Vejamos, por exemplo, a infindável ladainha que ouvimos nos últimos 30 anos em torno da “alta carga” tributária embutida na folha de pagamento, algo que impediria as empresas de pagar melhores salários e, até mesmo, de desenvolver o setor em sua plenitude.
Pois bem, a hipocrisia não tem limites. Vejam vocês que entre as propostas apresentadas pelo SINDPD estão alguns benefícios (Vale Refeição, Vale Alimentação, Plano Médico, Auxílio Previdenciário e PLR) que possibilitam um ganho maior para o trabalhador, permitem uma melhor qualidade de vida e reduzem, efetivamente, a carga tributária sobre a folha de pagamento.
Além disso, muitas empresas, como já disse, já oferecem estes benefícios, incluindo a jornada de 40 horas, em acordos complementares assinados com o SINDPD. Mas o patronato se recusa a estender estes benefícios para toda a categoria, fato, inclusive, que ajudaria a estabelecer um teto mínimo na concorrência do setor.
Por este motivo, suspendemos as negociações. Nossa luta será travada na trincheira, ou seja, em cada empresa. Estamos com a nossa data base estabelecida, isto é, todo e qualquer acordo, através de pronunciamento judicial ou não, será retroativo a 1º de janeiro de 2010.
A subtração do acordo coletivo trará, sem dúvida, alguns transtornos para a categoria. Entretanto, a intransigência do patronato traz problemas maiores para as empresas, que ficam sem a vigência do banco de horas e terão dificuldades para efetuar homologações, somente para citar algumas.
Não era essa a nossa intenção, mas os trabalhadores em processamento de dados e tecnologia da informação não podem ser tratados com tamanha indiferença pelo Seprosp. Nós somos uma categoria vital para a economia brasileira, temos consciência do nosso valor e queremos usufruir de uma parcela dos ganhos que as empresas acumularam com o nosso trabalho. Queremos o que é nosso por direito, nada mais.
Estamos abertos para negociar com toda e qualquer empresa que estiver disposta a conversar nos parâmetros estabelecidos pela categoria em nossas assembleias. A negociação coerente e respeitosa sempre norteou a postura desta diretoria e agora a faremos mais do que nunca.
Portanto, companheiros, é fundamental que todos tenham consciência de que este momento é crucial para o sucesso da nossa luta. Precisamos intensificar e ampliar a mobilização nas empresas, vamos mostrar a nossa força. Iremos criar comissões de trabalhadores nas empresas e buscaremos a negociação mais favorável para a categoria.
Vamos à luta!
ANTONIO NETO
PRESIDENTE DO SINDPD
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