Parte do ganho das empresas está sendo repassado para os salários
Matéria do jornal “Valor Econômico” desta terça-feira (2) afirma que a combinação de baixa inflação e expectativa de crescimento da economia está resultando em aumentos salariais que variam de 0,8% a quase 4% acima da inflação do período.
“Os sindicatos estão encontrando outro ambiente para negociar, bem diferente do ano passado quando as incertezas da crise econômica preocupavam o empresariado”, diz o diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio. Também contribui a menor inflação. Nos 12 meses terminados em dezembro ou janeiro, ela ficou entre 4,11% e 4,36%, bem abaixo da inflação superior a 6% de igual período do ano passado.
Para Lúcio, a tendência para 2010 é que as greves ocorram para buscar mais benefícios, e não para impedir perdas. “Trabalhamos com perspectiva de crescimento econômico de 5% a 6% neste ano, e isso eleva a disputa por mão de obra, pressionando os salários”, diz. Dessa forma, é possível que o número de categorias a conseguirem ganhos reais fique acima dos 77% do ano passado (primeiro semestre).
Um dos exemplos vem da Bahia, onde os trabalhadores da construção conseguiram o maior índice de reajuste entre os setores levantados pelo Valor, de 8%, considerando uma inflação de 4,11% no período. Para o piso, o reajuste foi de 10%. No ano passado, o aumento foi de 9,68%, mas como a inflação foi maior, o ganho real ficou abaixo do de 2010.
No Ceará, os comerciários conseguiram aumento de 7,75% e reajuste do piso salarial de R$ 465 para R$ 560. O presidente do Sindicato das Indústrias de Cerâmica Para Construção e de Olaria de Criciúma (Sindiceram), Ottmar Müller, explica que “o cenário econômico está bem mais claro do que no ano passado, por isso, proporcionalmente, o aumento real foi maior”. Em 2009, os trabalhadores da categoria receberam 7,9% – 1,6% de aumento real e 6,2% do INPC.
Os trabalhadores têxteis de Joinville, que fecharam acordo em fevereiro, tiveram aumento de 5,16% – 4,36% de INPC no período e 0,8% de ganho real. Em 2009, o reajuste foi de 7%: 6,46% de INPC e 0,57% de ganho real.
Com data-base em 1º de fevereiro, os trabalhadores nas indústrias de calçados de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, aceitaram na semana passada a proposta de aumento real de 1,72% apresentada pelas empresas do setor. O ganho é o maior das três últimas negociações (ela havia sido de 0,98% em 2009 e de 1,29% em 2008), mas o índice total caiu em relação ao ano passado, devido à desaceleração do INPC no acumulado dos últimos 12 meses, para 4,36%.
Sindpd segue na luta por novas conquistas
O único sindicato patronal que insiste em ignorar a realidade e conceder o que é dos trabalhadores por direito é o Seprosp.
Tal intransigência é inexplicável num quadro em que o setor apresentou números extremamente positivos de crescimento e diante do posicionamento da maioria das empresas que concordaram em conceder os pontos reivindicados pelo SINDPD.
Não são poucas também as notícias que registram a grande perspectiva de crescimento do setor em 2010. Mas, felizmente, a mesquinhez não atingiu o conjunto do empresariado e a grande maioria negocia a assinatura de acordos diretos com o sindicato.
Já temos, por exemplo, casos de empresas que concederam, em consonância com o SINDPD, aumentos de até 9,67% nos salários. Outros repassaram índices superiores a 6% com a expectativa de diminuir o passivo negativo que a pletora posição do Seprosp vem causando ao setor.
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