Publicado em 19 de janeiro de 2011 por Antonio Neto
“Amigos, eis uma verdade eterna: o passado sempre tem razão”
Nelson Rodrigues
No dia 24 de Dezembro, nosso grande timoneiro Orestes Quércia saiu da vida para entrar para a história. Poucas pessoas em nosso país deixaram um legado de dedicação ao povo mais sofrido do que Quércia.
Quércia nos ensinou que nada é mais sagrado do que a ação do Estado em benefício do povo mais carente. Todas as suas obras foram voltadas para a construção de uma sociedade mais democrática no seu contexto econômico e social.
Reduzir as distâncias entre ricos e pobres e construir oportunidades sempre foram seus ideais. “Quero um Brasil em que o pai olhe para o filho e diga: você poderá crescer e ser mais do eu fui na vida”. Esta sempre foi a sua frase predileta. Criar oportunidades, assegurar que o filho do pobre – como ele foi – pudesse sonhar em construir uma vida digna, empreender em favor de sua família de forma inovadora, embasada no trabalho e na criatividade que é inerente ao nosso povo.
Quércia sempre nadou contra a corrente. Queria mais, não estava satisfeito com as verdades fabricadas nos meios de comunicação ou nos centros de pesquisa do exterior. Foi um brasileiro nato, um amante da brasilidade em seu sentido maiúsculo.
Sua trajetória foi marcada pela coerência. Seus atos demonstraram a abnegação que sempre teve pelo povo e pela sua família. Nada em Quércia era previsível. Isso deixava os adversários confusos. E me arrisco a afirmar que seus últimos movimentos políticos deram um nó na cabeça de muita gente, especialmente daqueles que construíram suas vidas públicas servindo de base para as aleivosias contra a sua honra.
Antes de entrar para a história, Quércia obteve a autocrítica pública de cada um de seus detratores. Da mesma forma que foram oportunistas no passado ao acusar Quércia, servindo aos interesses alheios ao povo, vendendo o Brasil, seus inimigos tiveram que se ajoelhar diante de sua história para suplicar o seu apoio.
E ele cedeu de forma sublime, não para resgatar a sua biografia perante o povo que se lembra de cada obra de seu governo, mas para pagar uma dívida com as pessoas próximas que tiveram que enfrentar as mais perversas mentiras para ele sustentar o seu ideal, para ele levar adiante o seu sonho de um país desenvolvido e igualitário que os invertebrados um dia tentaram apagar.
E se Quércia um dia foi chamado de dinossauro da política, temos que enaltecê-lo. Basta notarmos que um dinossauro mantém as suas vértebras por milhões de anos, servindo de base para a eternidade. Um protozoário que vende o país, que desgraça a vida do povo, só será lembrado por uma geração que sofreu sob o seu governo, mas logo se apagará da história, logo será esquecido e renegado pela dinâmica do desenvolvimento, bandeira que Quércia empunhou durante toda a sua vida.
Falo isso com tranquilidade, com a serenidade e com a lealdade que sempre tive com o nosso saudoso governador. Desde o primeiro instante me posicionei contrariamente a toda e qualquer aliança como a que foi implementada em São Paulo. Mas sempre tive claro que tal aliança era aceitável para que o nome de Quércia fosse limpo definitivamente, tendo a chancela daqueles que tentaram sujá-lo de forma leviana e inescrupulosa.
Agora nossas responsabilidades aumentam. Temos que trabalhar pela unidade do partido, pelo resgate do municipalismo e pelo desenvolvimento de São Paulo e do Brasil, sonho perseguido por nosso comandante do primeiro ao seu último suspiro. Para tanto, para resgatar o PMDB construído por Quércia, temos que defender as bandeiras hasteadas por ele e propalar a semente deixada pelo nosso líder, o que significa refutar toda e qualquer política de enxugamento do Estado e de abandono das ações sociais.
Sigamos em frente, companheiros, tendo as bandeiras quercistas como nosso norte.
Antonio Neto
Membro da Executiva do PMDB de São Paulo e presidente da CGTB
Artigo publicado no Jornal DCI – 19-01-11
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